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2 de out. de 2011

Tupy

          A companhia de peças e componente fundidos de ferro, fundição Tupy, foi fundada pelo imigrante alemão Albano Schmidt, na cidade catarinense de Joinville.
          Na década de 1980, problemas de endividamento da empresa começaram quando a família, Albano e seu filho Hans, apostaram numa diversificação que não deu certo e contraíram pesadas dívidas.
          Na tentativa de reestruturar sua área financeira, a Tupy contratou, em 1992, o Banco Pactual, de Luiz Cezar Fernandes.
          Em 1995, a Tupy foi adquirida pelos principais credores - os fundos de pensão Previ, Telos e Aerus, e o Bradesco e o BNDESPar.
          Em 1998, os novos donos compraram uma fábrica da Cofap, na cidade paulista de Mauá.
          Em 2002, com problemas de caixa, desvalorização do real (35% da dívida era em moeda estrangeira) e concentração de vencimentos no curto prazo, a situação financeira piorou de vez.
          Em janeiro de 2003, Luiz Tarquínio, nascido em 1961, ex-presidente da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, foi convocado pelos acionistas para tentar equacionar a dívida. Sua missão era complexa. A Tupy não tinha ativos dos quais se desfazer.
          Desde que assumiu a fundição, Tarquínio trabalhou sob um estresse tremendo. Em 2003, as vendas da fundição cresceram muito. Mas, sem capital de giro, a Tupy devia para fornecedores. A fábrica esteve prestes a parar por várias vezes.
          No início de 2004, uma esperança veio a lume. Um acordo assinado com os bancos credores rolou por oito anos 75% da dívida total. O fôlego obtido na renegociação, porém, não foi suficiente para que ela recuperasse a sua capacidade de investimento.
          O novo acordo com os bancos admitiu alguns gastos com manutenção para evitar que os equipamentos virassem sucata. Mas estabeleceu que investimentos estratégicos, como expansão da capacidade, só podiam ocorrer se os acionistas quisessem pagar a conta. Como eles fecharam a carteira, a saída foi recorrer aos clientes, que investiram 25 milhões de dólares para finalizar a modernização da fábrica de Mauá, interrompida em 2002. Os clientes colocaram a mão no bolso porque o setor estava com capacidade esgotada, mas esse movimento era apenas paliativo.
          Tomando-se portanto um panorama da Tupy no final de 2004, a maior fundição da América Latina, com faturamento superior a 1 bilhão de reais por ano, vivia um paradoxo. Em sua sede, em Joinville, trabalhavam quase 7.000 pessoas, que fabricavam blocos e cabeçotes de motor, discos de freio e outras peças vitais para as maiores empresas do setor automotivo em todo o mundo. Mais da metade da produção era exportada para grandes fabricantes como Cummins, Ford, Peugeot, Iveco, Perkins e General Motors.
          Sua margem de lucro operacional era o dobro da média do setor de fundição. Poderia ser o melhor dos mundos. Definitivamente, não era. Apesar desses bons indicadores, a Tupy vivia um drama comum a empresas pressionadas por débitos gigantescos. Vivia sob o peso de uma dívida de 850 milhões de reais, correspondente a mais de três vezes e meia a geração de caixa, o que a fez perder a capacidade de crescer.
          Em 20 de dezembro de 2019 é divulgada a compra pela Tupy, dos negócios de fundição da italiana Teksid, da Fiat Chrysler Automotiva - FCA, por aproximadamente R$ 1 bilhão. O acordo inclui plantas no Brasil, México, Portugal e Polônia, assim como uma fatia da Teksid em uma joint venture chinesa, um centro de engenharia na Itália e um escritório de vendas no Estados Unidos. A unidade de componentes de alumínio no Brasil e Itália ficaram fora do acordo. A empresa seria responsável por 10% dos produtos de aço fundido no mundo (hoje é 6%), após o acordo.
          Em abril de 2022, a fundição Tupy comprou 100% dos ativos e negócios da International Indústria Automotiva da América do Sul (MWM do Brasil) da Navistar International por R$ 865 milhões. Com receita líquida operacional de aproximadamente R$ 2,69 bilhões em 2021, a MWM fabrica motores para empresas brasileiras, europeias e americanas de caminhões, ônibus e máquinas.
          A Tupy possui, hoje, atuação nacional e internacional na atividade de fundição de ferro, especialmente de blocos e cabeçotes de motor, operando nos segmentos de Transporte, Infraestrutura e Agricultura e de Hidráulica, contando com uma diversificada base de clientes nos continentes americano, europeu e asiático. A empresa possui plantas industriais no Brasil, em Joinville-SC e Mauá-SP, e no México, nas cidades de Saltillo e Ramos Arizpe. Além das plantas industriais, há também escritórios e subsidiárias no exterior, atuando na logística, comercialização e centralização de operações corporativas.
          A companhia é controlada pelo BNDESPar e pelo fundo de pensão Previ.
(Fonte: revista Exame 17.01.1996 /  22.12.2004 / jornal Valor - 20.12.2019 / DicadeHojeResearch - 13.03.2020 /Valor - 18.04.2022- partes)

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