Em 1974, afogada em dívidas, a empreiteira dos empresários Octávio Lacombre e José Carlos de Araújo pediu água. Reorganizou-se, compôs-se com os credores e diversificou suas atividades. Um dos novos ramos foi a mineração de cassiterita, a matéria-prima do estanho.
Em 1982, a Paranapanema tirou a sorte grande ao descobrir a maior mina de cassiterita do mundo, a mina de Pitinga, no Amazonas. Suas ações começaram a ser cobiçadas pelos investidores a ponto de tornar-se blue chips das bolsas de valores. De insolvente, Lacombre passou a ser apelidado de Patiño Brasileiro, numa referência ao magnata boliviano do estanho Antenor Patiño, e Araújo virou o Zé Milionário.
Em meados de junho de 1992, Octávio, então com 65 anos, morre num acidente de automóvel. Seu irmão Carlos Lacombe, então com negócios em fazenda em Avaré no interior de São Paulo, assume o comando com a tarefa urgente de reverter o vermelho de 39 milhões de dólares no último balanço da companhia. Carlos já trabalhara na empresa por oito anos. A Paranapanema era um complexo de dez empresas que faturara 150 milhões de dólares em 1991.
A mineradora Paranapanema foi comprada em janeiro de 1996 por um grupo de fundos de pensão de empresas estatais.
Em setembro de 1996, a empresa decidiu passar adiante sua construtora. Motivo: a empreiteira. que lhe deu origem, faturou apenas 30 milhões de dólares dos 135 milhões obtidos pela Paranapanema
Desde que foi comprada pelo pool de fundos de pensão, a empresa se transformou num sumidouro de dinheiro. De 1996 até fins de 2003 acumulou um prejuízo de 1,4 bilhão de reais e sua dívida bateu em 2,4 bilhões, muito superior ao faturamento líquido de 1,7 bilhão.
Desde que foi comprada pelo pool de fundos de pensão, a empresa se transformou num sumidouro de dinheiro. De 1996 até fins de 2003 acumulou um prejuízo de 1,4 bilhão de reais e sua dívida bateu em 2,4 bilhões, muito superior ao faturamento líquido de 1,7 bilhão.
Mas, para alguns, parecia que a empresa estava de vento em popa. Numa das rodadas em Paris de tentativa de venda da Eluma para a italiana Europa Metalli, cujas negociações foram iniciadas pelo executivo Jorge Washington de Queiróz, demitido da presidência da Eluma em dezembro de 1996, os brasileiros deixaram os pretendentes a futuros sócios impressionados. Ao ser informados de que haviam sido feitas reservas para eles num hotel 5 estrelas, os brasileiros recusaram polidamente, pois já tinham onde se hospedar. Nada menos que o luxuosíssimo George V, um dos mais caros da capital francesa.
Os acionistas fizeram três tentativas para reestruturá-la. Todas deram errado. O investimento chegou a 750 milhões de dólares, sem perspectiva de retorno até então. Era um caso tão retumbante de fracasso que a mineradora ganhou no mercado um apelido deselegante: Paranaproblema.
No vermelho, endividada, carente de investimentos e tecnologicamente atrasada, a Paranapanema era vista no mercado como um caso perdido.
Em novembro de 2003, o executivo paulista Geraldo Haenel, nascido em 1945, e com trabalhos de recuperação bem feitos em empresas como Riocell e Bacel, ambas do grupo Klabin, aceitou o desafio de encarar a dura empreitada de reerguê-la.
Em meados de 2004, os resultados da gestão Haenel começaram a aparecer e se refletiam nos balanços. Haenel atacou os pontos de ineficiência mais evidentes. Mandou, por exemplo, fechar uma mina de nióbio, usado em componentes eletrônicos, cujos custos de produção eram mais altos que o preço de venda. O esforço para melhorar incluiu a transferência da sede, em Botafogo, no Rio de Janeiro, para um prédio da Eluma, uma das controladas da companhia, no ABC paulista.
O grande teste de Haenel passou então a ser a imensa dívida com os acionistas e com o BNDES. Os acionistas estavam numa encruzilhada. Ou colocavam mais dinheiro na Paranapanema, ou desistiam do negócio em que já tinham feito vultosos investimentos.
Em 1º de dezembro de 2022, a Paranapanema ajuizou, junto com as controladas Paraibuna Agropecuária e Centro de Distribuição de Produtos de Cobre (CDPC), pedido de recuperação judicial perante a 1ª Região Administrativa Judiciária (RAJ) da cidade de São Paulo (SP), em caráter de urgência.Os acionistas fizeram três tentativas para reestruturá-la. Todas deram errado. O investimento chegou a 750 milhões de dólares, sem perspectiva de retorno até então. Era um caso tão retumbante de fracasso que a mineradora ganhou no mercado um apelido deselegante: Paranaproblema.
No vermelho, endividada, carente de investimentos e tecnologicamente atrasada, a Paranapanema era vista no mercado como um caso perdido.
Em novembro de 2003, o executivo paulista Geraldo Haenel, nascido em 1945, e com trabalhos de recuperação bem feitos em empresas como Riocell e Bacel, ambas do grupo Klabin, aceitou o desafio de encarar a dura empreitada de reerguê-la.
Em meados de 2004, os resultados da gestão Haenel começaram a aparecer e se refletiam nos balanços. Haenel atacou os pontos de ineficiência mais evidentes. Mandou, por exemplo, fechar uma mina de nióbio, usado em componentes eletrônicos, cujos custos de produção eram mais altos que o preço de venda. O esforço para melhorar incluiu a transferência da sede, em Botafogo, no Rio de Janeiro, para um prédio da Eluma, uma das controladas da companhia, no ABC paulista.
O grande teste de Haenel passou então a ser a imensa dívida com os acionistas e com o BNDES. Os acionistas estavam numa encruzilhada. Ou colocavam mais dinheiro na Paranapanema, ou desistiam do negócio em que já tinham feito vultosos investimentos.
Em meados de novembro de 2023, a Justiça de São Paulo homologou o plano de recuperação judicial da Paranapanema, que foi aprovado na assembleia de credores realizada em agosto de 2023.
(Fonte: revista Exame - 22.07.1992 / 03.03.1993 / 25.09.1996 / 01.01.1997 / 04.08.2004 / Valor - 02.12.2022 ; 17.11.2023 - partes)
(Fonte: revista Exame - 22.07.1992 / 03.03.1993 / 25.09.1996 / 01.01.1997 / 04.08.2004 / Valor - 02.12.2022 ; 17.11.2023 - partes)
Nenhum comentário:
Postar um comentário