A Companhia Siderúrgica Paulista, Cosipa, estava atolada de problemas nos primeiros anos da década de 1990. Mas, não por causa disto deixou de despertar a cobiça dos políticos da Baixada Santista, em São Paulo. A disputa foi tão acirrada nos meses finais de 1992, que a empresa chegou a marcar sete assembleias de acionistas sem que se chegasse a eleger uma nova diretoria. Após ser massacrada por rapinagem política, foi escalado o comandante militar do Leste, General Romero Lepesqueur, que na bagagem para o cargo tinha um mofado diploma de engenheiro pela Universidade do Paraná. Sua missão: preparar a empresa para a privatização.
A privatização da Cosipa, em meados de 1993, foi uma das operações mais obscuras do programa de privatização. O caso da Cosipa e seu fundo de pensão era emblemático. O fundo de pensão da empresa possuía uma patrimônio de mais de 410 milhões de dólares. Para se ter uma ideia do que isso representava, basta lembrar que a siderúrgica foi vendida pro 331 milhões de dólares.
O grupo Bozano, que já detinha participações na siderúrgicas CST e Usiminas, passou a ser um dos principais acionistas da Cosipa. E, por tabela, de seu fundo de pensão. Não faltavam rumores sobre o interesse do Bozano, Simonsen no fundo. Um documento anônimo que circulava entre os funcionários da Cosipa dizia abertamente que o banco iria colocar alguém de sua confiança, ou uma corretora que administraria em seu nome, para não perder de vista o destino desse capital.
A falta de informações e de transparência permeou todas as operações em torno da privatização da Cosipa. Por extensão, punha-se em dúvida a futura gestão de seu fundo de pensão. Mesmo para saber quem levou de fato a siderúrgica, foi preciso esperar até a primeira reunião do conselho de administração da empresa. O Bozano, como veio a se verificar depois, foi o pivô de um jogo de esconde-esconde. Camuflou-se como simples articulador do suporte financeiro da operação, mas depois se soube que seu papel era bem maior.
Anos depois da privatização, a Cosipa passa para as mãos da Usiminas.
Anos depois da privatização, a Cosipa passa para as mãos da Usiminas.
(Fonte: revista Exame - 31.03.1993 / 29.09.1993 - partes)
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