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6 de out. de 2011

Comgás

          A Comgás - Companhia de Gás de São Paulo pertencia ao estado de São Paulo e tinha participação da Shell de 10% do capital.
         Em abril de 1999, o estado de São Paulo privatizou a empresa. No dia 14, a British Gas e a Shell pagaram um ágio de 119,3% pela compra da Comgás. O preço final da empresa foi de R$ 1,65 bilhão. "O resultado do leilão demonstra a confiança internacional em São Paulo e no Brasil", disse o vice-governador, Geraldo Alckmin. A British Gas comprou 95% das ações colocadas à venda e a Shell, 5%. Com isso, a Shell, que já tinha ações da Comgás, passou a deter 24% do capital com direito a voto da empresa. A British Gas terá o controle, com 65%.
          Quem concorreu fortemente com a British Gas/Shell no leilão de privatização da Comgás foi a também europeia Agip, do grupo Eni. Um grupo de engenheiros se trancafiou numa sala que permanecia sempre fechada na sede da coligada Liquigás, no 2º Terraço do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, em São paulo. Provavelmente fizeram infinitos cálculos. Mas, faltou alguém que tivesse cacife (hierárquico) para chegar e dizer algo como: "obrigado pelo esforço de vocês em chegarem a esse resultado, porém, em cima disso jogo mais X% de ágio por minha conta". Com isso, talvez a Agip tivesse ultrapassado os 119,3% da British/Shell. O ágio definido pela Agip foi de pouco mais de 70% e viu a Comgás escapar-lhe das mãos.
          Coincidência ou não, após a frustrante derrota a empresa italiana decidiu reduzir seus negócios no Brasil. A aquisição da Comgás teria aberto caminho para a Agip na distribuição de gás natural em região de gigantesco desenvolvimento, abrangida pelos municípios de Sorocaba, Campinas e São José dos Campos e todos os municípios vizinhos, mais a Baixada Santista e a Grande São Paulo. Em 2005, a Agip vendeu a Liquigás para a Petrobras.
          Em 2012, Rubens Ometto, fundador da empresa de energia Cosan, e maior usineiro do país, comprou a distribuidora Comgás da Shell e British Gas por 3,4 bilhões de reais. A Comgás está sob o guarda-chuva da Compass Gás e Energia, que pertence à Cosan.
          Considerando dados de maio de 2018, a companhia tem 1,8 milhão de clientes residenciais, 17 mil comerciais, 1,2 mil industriais, 29 projetos de cogeração e 270 postos de combustíveis com GNV.
          No início de 2019, o próprio controlador da Comgás percebeu tamanha oportunidade de ficar dono sozinho da empresa. Anunciou intenção de compra dos papéis com preço muito acima do negociado naquele momento. Os acionistas minoritários gostaram do preço e o leilão foi um sucesso. Na sexta-feira, dia 8 de março de 2019, com a realização do leilão, a Comgás despede-se da bolsa brasileira, apesar de não oficialmente, pois alguns minoritários permaneceram com ações que representam menos de 1% do capital total. 
          Em 30 de abril de 2019, o conselho de administração da Cosan aprovou a realização da oferta pública para aquisição de ações ordinárias da Comgás. A OPA terá como objeto 2.683.835 ações ON, por um preço unitário de R$ 82, ajustado pela variação da taxa Selic desde o dia 13 de março, quando foi realizada a liquidação da OPA de ações PN.
(Fonte: jornal Folha de S.Paulo - 15.04.1999 / revista Exame - 12.12.2012 / jornal Valor - meados julho 2017 / 01.06.2018 / IstoÉDinheiro - 30.04.2019 - partes)

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