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30 de out. de 2011

Banco HSBC

          Fundada em 1º de janeiro de 1959, a Hong Kong and Shanghai Banking Corporation - HSBC tem sua origem vinculada ao contexto do Neocolonialismo britânico, quando o escocês Thomas Sutherland fundou um banco em Hong Kong em 1865. Ao longo do século XX, concentrou suas atividades em Hong Kong, então sob domínio do Reino Unido, e a partir da década de 1980 a expandir seus negócios para os Estados Unidos e a Europa. Alguns anos antes da devolução do território à República Popular da China, a sede do banco foi transferida para Londres.
          Sutherland havia feito carreira na Peninsular and Oriental Steam Navigation Company, uma empresa de transporte marítimo de cargas do Império Colonial Britânico com negócios em cidades como Alexandria (Egito), Calcutá (Índia) e Rangun (Birmânia). Superintendente da P&O, Sutherland colaborou para a construção das docas de Hong Kong, numa época em que 70% do frete marítimo estava relacionado com o comércio de ópio oriundo das Índias e vendido na China por negociantes britânicos, mesmo com a oposição das autoridades chinesas a esse comércio.
          Em 1865, o escocês concretizou seu plano de abrir um banco comercial para financiar o lucrativo tráfico de ópio pela Companhia Britânica das Índias Orientais, fundando o Hong Kong & Shanghai Banking Corporation com outros parceiros, entre os quais Francis Chomley, primeiro chefe do conselho de administração, e a sociedade comercial Dent & Co., envolvida diretamente nas transações de ópio que violavam as leis chinesas e que resultaram em um mandado de prisão contra seu presidente, que por sua vez tornou-se o estopim para a Primeira Guerra do Ópio.
          Beneficiando-se da colheita de ópio das Índias e mais tarde no Yunnan, o banco conseguiu crescer e instalar filiais em Bangcoc e Manila na década de 1920. A partir da instalação e aquisição de bancos nos Estados Unidos (como o Marine Midland Bank) e na Europa na década de 1980, o HSBC deu um passo para se transformar em um dos maiores conglomerados financeiros do mundo.
          Na década de 1990, o banco deixou sua sede social em Hong Kong e migrou para Londres. Em 1997, o grupo adquiriu a Republic New York Corporation (atualmente integrada à HSBC USA Inc.), assim como a empresa irmã Safra Republic Holdings SA (hoje HSBC Republic Holdings SA, em Luxemburgo).
          Em 2002, o HSBC desembolsou 14 bilhões de dólares para comprar uma das maiores empresas de financiamento dos Estados Unidos, a Household, o que elevou o peso do financiamento ao consumidor em seus negócios.
          Em dezembro de 2006 o banco divulga perdas de US$ 2 bilhões e sai do mercado de hipotecas de risco.
          O banco apresenta números relevantes no setor e serviços financeiros e bancários do mundo. Em 2013, o Grupo HSBC empregava mais de 254 mil pessoas e atendia mais de 52 milhões de clientes em todo o mundo. A rede internacional do Grupo HSBC é composta por aproximadamente 6.200 escritórios e agências distribuídas em 129 países e territórios na Europa, Ásia, Américas, Oceania, Oriente Médio e África.
          Em fevereiro de 2015, o HSBC foi denunciado no escândalo Swiss Leaks de lavagem de dinheiro, quando o Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo revelou que o banco abrigou contas secretas mantidas por traficantes de drogas e de armas, criminosos e sonegadores fiscais (muitos dos quais políticos ou "celebridades"). Os clientes brasileiros do HSBC tinham 7 bilhões de dólares em 5.549 dessas contas. O Brasil é o 4º país em número de clientes titulares de contas no HSBC de Genebra.
          No Brasil, o grupo aporta em 1997, assumindo as operações do antigo banco Bamerindus, abrindo suas operações como Banco HSBC (Brasil). Trouxe consigo um histórico a um só tempo impressionante e assustador, pelo menos na ótica dos concorrentes. Estava em nada menos do que 78 países - era, provavelmente, o mais internacional de todos os bancos do mundo.
          Michael Geoghegan, executivo inglês que desembarcou à frente de um grupo de 20 funcionários do HSBC para assumir o falido Bamerindus, ganhou notoriedade por uma de suas primeiras declarações públicas. "No Brasil as filas são grandes demais, os juros são altos e o atendimento é ruim", disse Geoghegan. "Podemos mudar tudo isso porque somos um banco global."
          A comunicação interna cometeu alguns pecados desaconselháveis, segundo especialistas em fusões e aquisições. Logo na saída, o HSBC enviou um memorando a todos os funcionários do recém-comprado Bamerindus contendo novas regras de procedimento. Algumas recomendações eram pertinentes, como conhecer os produtos do banco para atender melhor o cliente e planejar as reuniões para torná-las mais produtivas. Outras, no entanto, causaram irritação e constrangimento, como as que falavam da necessidade de os funcionários tomarem banho regularmente ou desaconselhavam o uso de roupas provocantes no trabalho.
          Por aqui, o HSBC se dedicou a crescer organicamente, trazendo clientes para sua rede. Essa estratégia lenta não deu certo. Emilson Alonso, presidente do HSBC no Brasil, fez as contas e viu que era necessário fazer mais negócios para tornar a máquina rentável e diluir o custo de 3,8 bilhões de reais por ano e mais de 20.000 funcionários. Os elevados custos estruturais do Brasil e a rigidez do banco na hora de conceder crédito impediram que os ingleses tornassem os clientes de baixa renda uma fonte de lucros.
          A bizantina legislação trabalhista reforça o ambiente hostil para quem não o conhece em profundidade. Geoghegan disse que "antes de trabalhar no Brasil, eu pensava que o esporte nacional era o futebol, só que quando cheguei aqui descobri que a atividade favorita dos brasileiros é processar o patrão." Quando assumiu o Bamerindus, o HSBC herdou 7.000 processos trabalhistas. Os números de alguns anos depois não são conhecidos mas sabe-se que eram maiores.
          Em outubro de 2003, o HSBC adquire a financeira Losango. Pertencente ao também britânico Lloyds, a financeira era uma das líderes do mercado, estava em excelentes condições e havia sido intensamente disputada pelos líderes nacionais, Bradesco, Itaú e Unibanco. A venda estava praticamente fechada para o Itaú numa sexta-feira, mas os executivos do Lloyds, que queriam muito sair do Brasil, foram convencidos em Londres, durante o fim de semana, pelo pagamento menor - mas à vista - do HSBC. Em 9 de outubro de 2003, o HSBC compra todas as ações no Brasil do Lloyds Bank em negócio de US$ 815 milhões (R$ 2,32 bilhões). O Lloyds deixou de operar no país. Com a aquisição, o HSBC passa da 10ª para a 9ª posição no ranking das maiores instituições financeiras do Brasil.
          Nessa época, últimos meses de 2003, segundo a revista Exame, insistentes rumores diziam que a falta de escala faria o HSBC vender suas operações no Brasil ao Bradesco (o que acabou acontecendo 12 anos depois, em agosto de 2015).
          A compra permitirá que o HSBC assuma posição de liderança no setor de crédito ao consumo, no qual o banco praticamente não atuava até então. O ativo do Lloyds mais cobiçado na operação é a financeira Losango, que disputa com a Fininvest, do Unibanco, o posto de maior do país.
A Losango trabalha com 16 mil lojas no Brasil, tem 7,5 milhões de clientes ativos e uma carteira de crédito de R$ 2,3 bilhões. Com a aquisição, o HSBC dá mostras de acreditar no aumento do consumo e na queda dos juros, que facilitaria o crédito ao consumidor.
          O HSBC se tornou um voraz comprador de empresas de crédito ao consumidor. Em agosto de 2004, o banco adquiriu a financeira Valeu por 381 milhões de reais , pagando ágio de 280 milhões de reais. Se para o banco "foi um bom negócio", conforme disse Alonso, outros discordam. "Eles pagaram caro e inflacionaram o mercado", disse o presidente de uma empresa de crédito de varejo. "Qualquer rede de meia dúzia de lojas com uma financeira embrionária olha para o ágio da Valeu como um ponto de partida para começar a negociar". No fim de novembro do mesmo ano, adquiriu a financeira do pequeno banco gaúcho Matone e anunciou uma parceria com a rede de lojas Panashop, especializada em eletroeletrônicos. "Vamos disputar tudo o que aparecer no mercado", disse Alonso.
          Tem sede em Curitiba (a sede do Bamerindus) e uma carteira de aproximadamente 2,9 milhões de clientes pessoas físicas e aproximadamente 312 mil clientes pessoas jurídicas, estando presente em 565 municípios brasileiros, com 933 agências, 457 postos de atendimento bancários, 949 postos de atendimento eletrônicos e 2 000 ambientes de autoatendimento, com 5 153 caixas automáticos.
           No dia 3 de agosto de 2015, a subsidiária brasileira do HSBC é comprada pelo Bradesco, por 18 bilhões de reais. O banco inglês, em particular, tem problemas para resolver em outras paragens. E, sai do Brasil, território reconhecidamente inóspito para bancos de varejo estrangeiros.
          Em fevereiro de 2018 Stuart Gulliver, depois de sete anos no comando, no que foi um dos períodos mais sombrios do HSBC em seus 153 anos de história, passa o bastão para John Flint, que dirigia o departamento de varejo e gestão de riqueza do HSBC.
          Na gestão de Gulliver veio a público que o HSBC México havia lavado ao menos 881 milhões de dólares de dois dos maiores cartéis de drogas da América Latina. O desfecho da investigação custou 1,9 bilhão de dólares em multa e uma sensível chamuscada na imagem, tanto de Gulliver quanto da instituição. A resposta de Gulliver à crise foi reestruturar o HSBC. Para isso, vendeu mais de 100 negócios que tinham uma performance que deixava a desejar, como as operações do banco no Brasil.
(Fonte: Wikipédia / Folha de S.Paulo - 10.10.2003 / revista Exame - 15.10.2003 / 14.04.2004 / 22.12.2004 / 19.08.2015 / 20.02.2018 - partes)

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