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6 de out. de 2011

CBMM

          A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) está instalada na cidade mineira de Araxá e é controlada pela família Moreira Salles, também acionista do banco Itaú. A companhia tem 70% do capital em mãos dos Moreira Salles e 30% com dois consórcios asiáticos - grandes grupos siderúrgicos da China, Japão, e Coreia do Sul, que pagaram quase US$ 4 bilhões para ter essa participação na empresa brasileira. Quando iniciou, em 1955, cerca de 80% das vendas eram dedicadas ao setor de óleo e gás. A CBMM é o maior produtor mundial de produtos de nióbio.
          Para atender às demandas ambientais, os carros estão cada vez mais leves e menos beberrões e utilizam materiais cada vez mais eficientes. Anualmente são produzidos cerca de 90 milhões de veículos no mundo. A busca por automóveis mais sustentáveis colocou em destaque um mineral conhecido apenas pelos especialistas no ramo: o nióbio. O mineral torna o aço mais resistente e maleável e é uma aposta da indústria para reduzir o peso dos veículos.
          Nenhuma empresa está tão bem preparada  para atender às novas demandas nesse sentido quanto a CBMM. A companhia é a maior fornecedora de nióbio do mundo, com 80% do mercado. O mercado automotivo responde por cerca de 25% do faturamento da companhia.
          Nos primeiros meses de 2016, a empresa comemorou a produção dos primeiros gramas no Brasil do metal usado em superímãs (obtido a partir do óxido de didímio). Os superímãs equipam motores de torres eólicas, carros elétricos, aparelhos de ressonância magnética, peças de computadores e eletrônicos em geral (celulares, tablets). O material foi produzido através de uma parceria com o Instituto de pesquisas Tecnológicas (IPT). A grande importância dessa façanha, é o fato de a China dominar 90% do mercado.
          A CBMM é líder global no mercado de nióbio. Em 2017, a empresa ficou com 74% de participação do volume mundial. Concorre com a chinesa Molybdenum, ex-Anglo American, que tem unidade de produção em Catalão (GO), e a canadense Niobec.
          Parte do lucro é repassado anualmente à Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), estatal do governo mineiro, com quem divide as reservas de pirocloro, o minério de onde se extrai o nióbio.
          A empresa tem 1.836 funcionários, somando Araxá - atividades de mina e metalurgia - o escritório em São Paulo e as subsidiárias em várias partes do mundo.
          Nos últimos meses de 2019, a CBMM investiu em uma startup que pesquisa grafeno, outro material utilizado em tecnologia de ponta. Ela comprou 26% da 2DM, empresa de Singapura fundada por dois pesquisadores brasileiros, Antonio Castro Neto e Ricardo Oliveira, e com outro brasileiro como presidente - Patrick Teyssonneyre, ex-diretor de inovação da petroquímica Braskem. Entre os conselheiros da empresa está o russo Konstantin Novoselov, Nobel de Física de 2010. O grafeno pode ser usado junto com o nióbio para melhorar o desempenho de baterias para carros elétricos, por exemplo, aumentando a condução elétrica e a resistência.
          Segundo o jornal Valor de 15 de setembro de 2021, a CBMM já prepara um novo ciclo de investimentos em suas operações. A empresa vai investir R$ 7 bilhões a partir de 2022. Os recursos serão usados para aumentar a capacidade de produção da fábrica de Araxá. Atualmente, a empresa pode produzir 150 mil toneladas. A meta é chegar a 210 mil toneladas por ano após cinco anos. O CEO Eduardo Ribeiro disse que serão necessários investimentos para atender aos novos mercados abertos pela empresa, como baterias para carros elétricos.
          Especialmente a partir de 2023, a empresa passou a aumentar seus investimentos em programas de pesquisa e desenvolvimento como parte de sua estratégia para expandir as aplicações do metal. A CBMM já tem projetos avançados com a japonesa Toshiba (em testes em carros no Japão) e com a VW no Brasil, que envolve a produção de ônibus elétricos na unidade de Resende (RJ).
          Ricardo Mendonça Lima, CEO da empresa desde julho de 2022,  diz que há 41 projetos relacionados a baterias. Até o final da década, a expectativa é produzir 25% (ou 35 mil toneladas) de nióbio para essa aplicação. O aproveitamento na produção de aço, via ferro nióbio, ainda é o carro-chefe da empresa — 80 mil toneladas em 2022, a maior parte comprada pela China. A empresa investe mais R$ 700 milhões em 2023 na conclusão de uma nova usina de óxido e no início da instalação de uma grande usina de disposição de rejeitos.
          Em 2022, a CBMM faturou R$ 10,95 bilhões, com lucro de R$ 4,52 bilhões.
(Fonte: revista Exame Melhores&Maiores - 2015 / revista Época Negócios - abril 2016 / jornal Valor 27.02.2018 / Exame - 27.11.2019 / Valor - 15.09.2021 / 29.03.2023 - partes)

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