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6 de out. de 2011

Casa da Moeda o Brasil (CMB)

          A Casa da Moeda é uma empresa pública, criada no século XVII, que imprime papel-moeda e produz moedas desde 1694 – quando o ciclo do ouro e a aceleração do comércio fizeram com que Portugal julgasse necessário o Brasil ter seu próprio dinheiro. Ela só perde em idade para os Correios, que existem desde 1663.
          Como curiosidade, em 25 de maio de 1924, o Jornal o Estado de S.Paulo publicou o artigo como segue: Continuam a entrar na circulação das cedulas falsas de 20$000, estampo 15.a, série 3.a, emissão da Casa de Moeda. Já é avultado, até agora, o numero de queixas feitas à policia, trabalhando activamente o dr. Alfredo de Assis, delegado de Santa Ephigenia, para descobrir os falsarios. A julgar pelas informaçãoes, a circulação do dinheiro falso já vae assumindo proporções. Só nestes tres ultimos dias, nos 18 estabelecimentos bancarios da cidade, foram reconhecidas e inutilizadas mais de 180 cedulas (…) a differença mais sensível que se observa está na numeração...
          Além de produzir notas e moedas para substituir dinheiro velho ou repor o volume circulante na economia, a empresa também imprime cédulas comemorativas, selos, vale-refeição e passaportes. É vinculada ao Ministério da Fazenda. Os clientes são, em sua maioria, órgãos públicos. As moedas e cédulas são fabricadas sob determinação do Banco Central, que também controla a sua distribuição.
          Segundo informações do site do BC, as moedas de R$ 0,10 e R$ 0,25 são feitas de aço revestido de bronze. Já a moeda de R$ 1,00 tem o núcleo de aço inox e o anel externo de aço revestido de bronze. A moeda de R$ 0,05 é feita de aço revestido de cobre e a moeda de R$ 0,50 é inteira de aço inox.
          A fundição da Casa da Moeda fica no Distrito de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, distante uma hora da Avenida Presidente Vargas, onde fica a sede do Banco Central no Rio. Ali há um exército de mulheres dedicadas a um serviço exclusivo, não compartilhado com homens: a conferência da precisão das notas assim que expulsas das máquinas de impressão em grandes lotes.
          A planta da Casa da Moeda, em Santa Cruz, foi traçada calculadamente na forma de um triângulo, que comportava a produção de notas e moedas, a empresa fornecedora de papel-segredo e a fábrica de tintas especiais. A ideia era inibir ou evitar qualquer iniciativa de interromper a provisão de papel-moeda para o Departamento do Meio Circulante do Banco Central, que também fica no Rio de Janeiro.
          Na década de 1980, toneladas da reserva de ouro foram transportadas para a fundição da Casa da Moeda e transformadas em lingotes que desembarcaram em Nova York como pagamento aos bancos credores da dívida externa brasileira. Embora na penúria, o governo brasileiro precisou refundir os lingotes porque eles estavam formatados para negociações em Londres. Não seguiam o padrão do mercado em Nova York. O embarque do ouro teria chegado a desestabilizar por alguns dias a cotação do metal nas Bolsas internacionais.
          A Casa tem estrutura para produzir cerca de 15 mil passaportes por dia. Quando a Polícia Federal suspendeu o pagamento do serviço, em julho de 2017, isso gerou uma fila de 175 mil pedidos, que dispendeu vários meses para ser atendidos.
          O Banco Central importou, em 2016, 100 milhões de notas de R$ 2 da empresa sueca Crane AB, após o governo editar uma medida provisória permitindo a importação sempre que a Casa da Moeda atrasasse a entrega de dinheiro. Gastou o equivalente a 17% do que custaria se comprasse o numerário da Casa da Moeda no Brasil.
          Em 2016, a Casa da Moeda produziu mais de 5 mil medalhas para a Olimpíada do Rio. Algumas descascaram e tiveram que ser restauradas, como as do nadador Daniel Dias, o que gerou críticas do público.
          Em abril de 2017, o governo fechou um contrato para pagar R$ 284,83 a cada mil notas produzidas pela Casa.
          Considerando que há cada vez menos dinheiro físico circulando, os gastos fixos da Casa da Moeda não compensam. O consumo de moedas no Brasil tem caído e o avanço da tecnologia faz com que cada vez usamos menos papel moeda e a saúde financeira da Casa, que está extremamente debilitada, pode se deteriorar cada vez mais.
          Em agosto de 2017, o governo propõe a privatização da Casa da Moeda. E a pergunta que se faz é se isso poderia levar a fraudes.
          O professor Mauro Rochlin, da FGV (Fundação Getúlio Vargas) explica que a ideia de que privatizar poderia levar a fraudes é completamente improcedente. Se alguém quisesse imprimir dinheiro falso, já conseguiria. Nada impede que uma gráfica estrangeira se candidatasse. Ele lembra a Operação Bernhard, quando, durante a Segunda Guerra, os nazistas produziram notas falsas de libras esterlinas para abalar a economia inglesa, sem sucesso. Eles não precisaram usar uma gráfica inglesa.
          Há alguns exemplos de nações que terceirizam a produção de dinheiro e passaportes para outros países ou empresas privadas. A Canadian Bank Note Company fornece serviços para mais de 30 países, imprime dinheiro do Canadá e da Nova Zelândia e produz passaportes para as nações caribenhas.
          Na Alemanha, há a Giesecke & Devrient, empresa de Munique que faz moeda, cheques, passaportes e documentos de identidade, e já imprimiu dinheiro para o Camboja, Croácia, Peru, Guatemala, Jamaica e outros países.
          A própria Casa da Moeda brasileira produziu 50 milhões de cédulas de pesos argentinos em 2011 e já exportou dinheiro para o Haiti e para o Paraguai. Segundo o professor de economia do Insper, Sandro Cabral, a capacidade instalada deve estar acima do necessário, então, como alternativa para a empresa permanecer saudável, teria que buscar mais clientes.
          Segundo dados do BC, existem atualmente (outubro de 2019) em circulação no Brasil 6,438 milhões de cédulas de real. A mais comum é a de R$ 50,00, com 1,934 milhão de unidades. Já o total de moedas chega a 26,745 milhões, sendo que a mais popular é a de R$ 0,10, com 7,092 milhões de unidades.
          A Casa da Moeda teve um resultado de R$ 311 milhões de lucro em 2015, última demonstração financeira divulgada.
          Considerando dados de agosto de 2019, a Casa da Moeda tem 2.132 empregados, que entraram por meio de concurso público no regime da CLT (ou seja, eles não têm estabilidade). A empresa tem três unidades industriais no Rio de Janeiro e paga salário médio de R$ 9.278,31. Vinculada ao Ministério da Economia, a estatal produz papel-moeda, moeda metálica, selos postais e fiscais e passaportes, entre outros produtos, mas tem capacidade ociosa.
(Fonte: jornal Gazeta do Povo - 25.08.2017 / site O Antagonista - 25.08.2017 / Empiricus Day One (Angela Bittencourt) - 25.07.2019 / OESP - 28.08.2019 / Valor - 04.10.2019 / Estadão -25.05.2024 - partes)

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