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5 de out. de 2011

Lojas Americanas

          A Lojas Americanas foi fundada em 3 de setembro de1929, no Rio de Janeiro, e teve como seu primeiro slogan: “Nada além de dois mil réis”.  Seus fundadores foram os americanos John Lee, Glen Matson, James Marshall, Batson Borger e o austríaco Max Landesmann.
          O Banco Garantia, dos sócios Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, assumiu a Lojas Americanas em 1980.
          No balanço de 1990, na mensagem aos acionistas, que encabeça o balanço, o grupo Garantia atribuiu o prejuízo de 2,3 milhões de dólares à "incapacidade de administração da companhia". Ela não previu o Plano Collor e depois não soube reagir.
          No primeiro semestre de 1992, a rede acusou prejuízo de 9 milhões de dólares por conta da recessão, mas ainda em 1992 os lucros voltaram a sorrir para seu presidente, o administrador de empresas José Paulo Ferraz do Amaral, com a reação das vendas na segunda metade do ano. E o lucro continuou em 1993. Num ano em que a maioria do varejo se manteve na defensiva, a Americanas abriu seis novas lojas e atingiu um total de 89.
          Um dos episódios por que passou Sicupira aconteceu logo depois da aquisição da Americanas. Em busca de inspiração para tocar uma empresa de varejo, ele escreveu uma carta para cada um dos presidentes das dez melhores companhias varejistas do mundo. Recebeu um telefonema de Sam Walton, fundador da Walmart, que o convidou para conversar em sua casa no Arkansas. Acabaram ficando amigos.
          Sam Walton e Carlos Sicupira percorriam cidades brasileiras com potencial para instalar unidades das Lojas Americanas. "Olha como estão vendendo caro. Vamos abrir aqui e vender barato." Walton usava a primeira pessoa do plural e dizia "vamos", apesar de (ainda) nem ser sócio. A Lojas Americanas se associou à Walmart no Brasil em 1994.
          Na época de inflação nas alturas, a Americanas foi considerada um modelo para o varejo brasileiro. A empresa tinha algumas artimanhas que desconjuntavam os concorrentes. Na época da Páscoa, por exemplo, comprava lotes incrivelmente volumosos de ovos e vendia, pasmem, por preço abaixo do custo. Com a corrida de clientes às lojas, em poucos dias já estava com um bom montante de dinheiro aplicado no chamado overnight (onde quem podia se defendia da inflação alta). Acontece que, para os fornecedores a empresa pedia prazo de 60 ou 90 dias para pagar. O resultado do investimento financeiro forrava o caixa da empresa.
          Em agosto de 1995, todas as então 90 unidades da Lojas Americanas, a maior rede de varejo do país, deveriam estar completamente informatizadas. Campanhas junto a fornecedores estimulavam a colocação de código de barras nos produtos vendidos na rede. 
          Em 1995 e 1996, a Lojas Americanas registrou prejuízo. A empresa causou, pelo menos num certo período, transtornos ao Grupo Garantia. Em outubro de 1996, José Paulo do Amaral, sócio e principal executivo da Lojas Americanas, que comandara a companhia desde 1992, saiu da empresa depois que o clima começou a pesar com uma crise que se prolongou além dos limites da paciência de Jorge Paulo Lemann, o chefe do Garantia. Levou uma bela indenização de consolo, estimada em 25 milhões de dólares e poderia ter comprado, por exemplo, o Mappin de Cosette Alves. Mas, foi cuidar de uma empresa ainda mais complicada que Americanas e Mappin, a Mesbla.
          Em 1998, estava (novamente) no vermelho, ano em que desfez a união com o Walmart e vendeu sua participação na rede americana. Em março de 1998 a empresa buscou o executivo consultor Claudio Galeazzi, com um contrato de dois anos para cumprir a missão de tirar a operação do vermelho. Mais tarde o prazo foi estendido. A estratégia de Galeazzi foi diminuir para fortalecer. Durante sua gestão, 23 lojas da rede foram vendidas passando para 91 unidades.
          Ainda em 1998, parte da Americanas foi vendida para a rede francesa Comptoirs Modernes.
          O Universo Americanas inclui, além da Lojas Americanas, as operações da B2W, Ame e LET'S.
          Em 1999 surge a Americanas.com, o início da força do comércio eletrônico no país através dos grandes varejos que já possuíam lojas físicas, o que obviamente facilitou muito a expansão do negócio on-line.
          E em 2006 surge a B2W Companhia Global do Varejo, fruto da fusão com o Submarino.com. Na época as duas representavam mais de 70% de mercado atendido, porém é importante destacar que eram empresas diferentes, com estratégias e projetos diferentes de negócio. Enquanto a Americanas tinha uma operação física que nunca teve intenção de abandonar, o foco do Submarino era apenas o gerenciamento do e-commerce, através de processos mais ágeis e enxutos, já compreendendo que esse seria o grande diferencial no futuro, com cada dia mais concorrência.
          A B2W foi criada com a ideia de os três sócios terem um negócio digital na América Latina, segundo fontes, e depois vendê-lo para um player global. Sigla para Business to World, a B2W não conseguiu tirar o projeto do papel, em parte, devido ao alto consumo de caixa recorrente.
          As coisas ficaram confusas durante alguns anos (com pico da confusão em 2010, com os transportadores). Após 2014, com o aumento das vendas on-line, ela entendeu a necessidade de investir mais na logística de distribuição e adquiriu empresas transportadoras especialistas em comércio eletrônico.
          Em 19 de fevereiro de 2021 a Americanas e a B2W divulgaram fato relevante, informando que irão criar comitês especiais independentes para avaliarem uma combinação de suas operações, que se chamará Universo Americanas. A decisão ocorre em um momento de forte avanço do comércio eletrônico por conta da pandemia do coronavírus. Hoje, a Lojas Americanas já detém 62,5% do controle da B2W, que por sua vez é dona de alguns dos maiores sites de e-commerce do país, como o Submarino. Juntas, as empresas possuem uma rede de 1.700 lojas físicas em 750 cidades do país e um marketplace online com mais de 87 mil vendedores. No comunicado, ao justificar a intenção de união, as companhias afirmaram que a combinação criará um “poderoso motor de fusões e aquisições”.
          Em 20 de abril de 2021, a Lojas Americanas comunicou ao mercado que firmou um contrato para adquirir 70% das ações do Grupo Uni.co, dono das marcas Puket, Imaginarium, MinD e Lovebrands. O contrato foi firmado por meio da subsidiária IF Capital, que tem como missão investir em startups e novas oportunidades e que, após três anos, os 30% restantes da Uni.co poderão ser adquiridos em uma faixa de valor pré-definida. A Americanas possuía, naquele momento, mais de 46 milhões de clientes ativos em sua base e contava com mais de 1,7 mil lojas físicas em todo o país. Tinha ainda uma plataforma digital, com as marcas Americanas, Submarino, Shoptime e Sou Barato.
          Em 28 de abril de 2021, a Lojas Americanas e a B2Ws comunicaram a estrutura proposta para integração de seus negócios, aprovada nessa data pelos dois conselhos de administração, e em estudo desde fevereiro. A B2W vai ser rebatizada de Americanas S.A., para manter a marca mais forte do grupo, e incorporar as lojas físicas da Americanas. A BTWO3 passa a ser AMER3 na bolsa, listada no Novo Mercado. O trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira vai levar mais uma de suas companhias para o mercado americano. Desta vez, quem vai para a vitrine global é a que tem o nome de berço para isso — a varejista Lojas Americanas. Nos EUA, a listagem não será da companhia operacional, mas de um veículo de controle. No Brasil, a companhia listada reunirá ativos digitais (B2W) e físicos da varejista.
          No início de maio de 2021, a Ame Digital, fintech e plataforma mobile de negócios da Lojas Americanas e da B2W, anunciou a compra da Nexoos Holding, fintech que conecta pequenas e médias empresas (PMEs) com investidores.
          Em meados de junho de 2021, a Lojas Americanas anunciou que concluiu a primeira etapa da integração das operações com sua subsidiária, a B2W (BTOW3), como anunciado no último 28 de abril, dando origem a uma nova companhia, a americanas S.A (AMER3). O início das negociações no Novo Mercado da B3 sob o ticker AMER3 aconteceria no dia 19/07/2021. Conforme aprovado pela AGE e com base no preço de fechamento de 10/06/2021 de LAME4 (R$ 22,53) e de BTOW3 (R$68,12), foi decidido que cada titular de LAME3/LAME4 receberá em troca 0,18 por ação de AMER3, preservando assim o valor de sua posição.
          Em meados de setembro de 2021, a Americanas firmou contrato de compra da Skoob, maior plataforma de livros do Brasil. A Skoob possui biblioteca virtual, resenhas de livros e interação entre leitores.
          Em 11 de agosto de 2021, a companhia comprou o Hortifruti Natural da Terra por R$ 2,1 bilhões. O Natural da Terra, com 73 lojas, é a maior rede varejista de legumes e verduras do país e conta com lojas no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. As vendas on-line da companhia representam 16% do total, sendo “referência digital no setor”.
          No início de novembro de 2021, após 40 anos, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles deixam o controle da Americanas. A iniciativa simplifica a estrutura societária, respondendo a uma demanda de investidores às vésperas da empresa ser listada nos Estados Unidos, mudando o domicílio de sua sede. Na nova estrutura, a Americanas S.A. irá incorporar as Lojas Americanas. Nesse processo, o trio de investidores terá sua participação diluída em 29,2%, deixando o controle para ser o investidor de referência da empresa.
          Na noite de 19 de agosto de 2022, a empresa anunciou que Sérgio Rial será o próximo diretor-presidente da Americanas, substituindo Miguel Gutierrez, a partir de 1º de janeiro de 2023. Rial liderou recentemente o Banco Santander Brasil.
          Em 6 de outubro de 2022, a Ame, fintech da Americanas, recebeu autorização do Banco Central para operar como instituição de pagamento, nas modalidades de emissora de moeda eletrônica e credenciadora.
          A Americanas desenvolve novas iniciativas, como varejo de alimentos via Hortifruti Natural da Terra, conveniência via Vem Conveniência, joint venture com Vibra, franqueados via Uni.co e fintech via Ame Digital. A rede de lojas, sob o comando de Gutierrez, se expandiu para quase 3.600 lojas, sendo mais de 1.800 lojas próprias.
          Na noite de 11 de janeiro de 2023, a Americanas revelou que encontrou “inconsistências” no financiamento de seus fornecedores em anos anteriores, incluindo 2022. Em análise preliminar, a empresa estima que esses valores chegaram a R$ 20 bilhões em 30 de setembro – o valor não impacta o caixa, mas afeta indicadores-chave como alavancagem e patrimônio líquido. Diante da descoberta, o CEO Sergio Rial e o CFO André Covre, ambos no cargo por 10 dias, renunciaram com efeito imediato. O Sr. Rial será um consultor externo do acionista 3G durante todo o processo de investigação e de colocar a casa em ordem.
          Na última auditoria completa da Americanas referente ao exercício de 2021, a PwC, auditor independente desde outubro de 2019, quando assumiu o lugar da KPMG, aprovou as demonstrações financeiras da companhia sem ressalvas.
          “Em nossa opinião, as demonstrações contábeis acima referidas apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da Americanas S.A. e da Americanas S.A. e suas controladas em 31 de dezembro de 2021, o desempenho de suas operações e os seus respectivos fluxos de caixa consolidados”, afirma a PwC no relatório de 24 de fevereiro de 2022.
          No dia seguinte à divulgação das "inconsistências", dia 12 de janeiro de 2023, as ações da empresa caíram 77,33% na B3 em São Paulo.
          Em pouco mais de uma semana, a quase centenária Americanas saiu de uma das principais redes de varejo do Brasil para o topo do ranking das maiores recuperações judiciais já realizadas no país.
          A companhia entrou com seu pedido de recuperação em 19 de janeiro de 2023, apenas oito dias depois de anunciar ao mercado que, sob nova direção desde o começo do ano, havia detectado um rombo bilionário fruto de erros contábeis em seus balanços.
          Com uma dívida declarada em R$ 43 bilhões, a recuperação judicial da Americanas já se torna a quarta maior do país, no ano em que a lei das recuperações judiciais (Lei 11.101), de 2005, completa 18 anos. A lista segue com folga liderada pela Odebrecht, que, depois do vendaval da Lava-Jato sobre seus negócios, chegou à Justiça em 2019 com um dívida de R$ 98,5 bilhões para renegociar. Na sequência vem a Oi, com um dívida de R$ 65,4 bilhões declarada em 2016, e a Samarco, que pediu sua recuperação judicial em 2021 para débitos de R$ 50 bilhões, depois de ver os negócios ruírem junto à sua barragem que cobriu a cidade de Mariana (MG) de lama em 2015.
          Em 23 de janeiro de 2023, a distribuidora de combustíveis Vibra anunciou que decidiu encerrar a parceria com a Americanas destinada à exploração do negócio de lojas de pequeno varejo, dentro e fora de postos de combustíveis. As duas empresas formaram uma Joint Venture chamada “Vem Conveniência”, com 50% do capital social de cada uma no negócio em fevereiro de 2022. Em nota, a Vibra declarou que a Vem Conveniência poderia sofrer com potenciais impactos da dívida de R$ 43 bilhões da Americanas.
          A auditoria externa da Americanas, para os balanços dos anos de 2016 a 2018, já havia apontado três vezes que era preciso fazer “melhorias nos controles internos” da operação, devido aos acordos comerciais entre a rede e seus fornecedores.
          A empresa de auditoria à época, KPMG, considerou este assunto “significativo” pela “relevância” dos valores, o elevado número de transações, “algumas de natureza complexa”. Ao final da análise, nas três vezes, classificou a questão como “aceitável”.
          “O conselho de administração e o conselho fiscal poderiam pedir uma auditoria interna específica dessa linha? Claro que poderiam, mas muitas vezes se o auditor independente achar a questão aceitável no parecer, você vira a página e a vida segue”, disse um conselheiro de uma rede de supermercados.
          Em 23 de agosto de 2023, a Americanas informou que celebrou um termo de encerramento de parceria com a Vibra Energia (VBBR3) relacionada à exploração do negócio de lojas de pequeno varejo desenvolvida através da sociedade Vem Conveniência. O termo formaliza a saída da Vibra do quadro societário da Vem Conveniência e prevê o retorno dos negócios de lojas de pequeno varejo para as acionistas originárias, ou seja, as lojas “Local” para a Americanas e “BR Mania”, para a Vibra. Como o volume desses negócios não são equivalentes dentro da participação igualitária da Vem Conveniência, em linha com o previsto no contrato de parceria tanto para a constituição como para o desfazimento, haverá também uma parte em dinheiro, representando o pagamento de R$ 192 milhões da Vibra para a Americanas, a fim de equalizar a diferença no valor dos negócios.
          Em agosto de 2023, a Lojas Americanas fechou as portas de 25 lojas. O mês teve o maior número de encerramentos de unidades físicas da empresa desde o início da crise. Desde o começo do ano (2023), 88 pontos comerciais da varejista tiveram as atividades encerradas. Ao fim de agosto, eram 1.794 lojas em funcionamento. As informações constam do relatório de acompanhamento mensal dos administradores judiciais da companhia. O documento foi enviado à Comissão de Valores Mobiliários hoje. A base de clientes ativos nos canais digitais da empresa — ou seja, que realizaram pelo menos uma compra ou interação com a empresa — também sofreu retração. Em agosto, eram 42,8 milhões. Em julho, somavam 43,1 milhões. Desde janeiro, a queda é de 12,7%.
          Em fins de novembro de 2023, a distribuidora de combustíveis Vibra paga R$ 192 milhões à Lojas Americanas e fica com a marca BR Mania.
          A Americanas teve seu plano de recuperação judicial aprovado em 19 de dezembro de 2023 por 97% de seus credores (em termos de valor de crédito). “O diagnóstico das ações a serem tomadas veio antes da aprovação do plano de recuperação. Porque não adiantaria eu ter um plano sem saber como reiniciar o negócio”, disse, em 10 de janeiro de 2024, a CFO Camille Faria. “Medidas já foram tomadas e o que queremos é que o braço físico das Lojas Americanas, que nos manteve vivos em 2023, seja o nosso ponto forte, e seja complementado pelo braço digital dentro da estratégia de omnicanalidade.”
          Até dezembro de 2023, foram 127 lojas fechadas, e a rede passou a ter 1,7 mil unidades. No total, os fechamentos representariam cerca de 10% da base de pontos antes do anúncio do gap contábil. É uma porcentagem muito discreta.
          Estima-se que a Americanas tenha perdido mais de oito pontos de share no número total de visitantes de seus sites desde novembro de 2022, dois meses antes do anúncio do gap contábil (de 13,2% para 4,9%), calcula a equipe de analistas do BTG Pactual em um relatório de janeiro de 2024, baseado em dados da Similarweb.
          Nos nove primeiros meses de 2023, a varejista acumulou prejuízo de R$ 4,6 bilhões, resultado puxado por uma queda de 45% nas receitas, que somaram R$ 10,2 bilhões de janeiro a setembro.
          Em março de 2024, a Americanas iniciou os pagamentos de credores listados no seu plano, a começar pelos cerca de 500 fornecedores colaboradores. De acordo com comunicado da empresa à imprensa, a varejista procede ao cronograma estabelecido no plano de recuperação após liquidar as dívidas com credores trabalhistas e com micro e pequenos empreendedores. As dívidas liquidadas na primeira etapa correspondem a mais de R$ 4 bilhões. Fornecedores colaboradores são os credores da Americanas que se dispuseram a voltar a dar crédito para a companhia em recuperação judicial. Este grupo representou mais de 70% das vendas em lojas da varejista em 2023, de acordo com a nota da empresa.
          Em 21 de maio de 2024, a Americanas deu mais um passo para colocar a empresa de volta nos trilhos com a aprovação de um aumento de capital de R$ 12,2 bilhões. Os principais acionistas da varejista – os bilionários Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles – fornecerão os recursos. A medida foi aprovada por 95,7% dos acionistas presentes na assembleia geral realizada nessa data.
          Pelo plano aprovado, o aumento de capital ficará entre R$ 12,2 bilhões (com a emissão de 9,4 bilhões de ações) e R$ 40,7 bilhões (com 31,3 bilhões de ações) a R$ 1,30 por ação.
          A assembleia também aprovou, por maioria, o agrupamento das ações ordinárias da empresa na proporção de 100 para 1, a R$ 53, considerando a cotação de terça-feira (21).
          O mercado esperava a aprovação, mas os recursos não entrarão integralmente na empresa, pois parte dele, ou R$ 5 bilhões, são linhas de crédito na modalidade devedor em posse (DIP) – e os credores têm prioridade.
          Em junho de 2024, fica acertado que o Banco do Brasil e a Ame vão romper o contrato que mantêm para a emissão de cartões de crédito com a marca da fintech da Americanas. A venda de cartões na prática parou em 2023 com a crise da Americanas, que teve efeitos ainda mais profundos sobre a Ame. O contrato iria até 2030, mas as partes farão um distrato, e a Americanas busca um novo parceiro, provavelmente uma empresa que atue somente com cartões “de loja”. A carteira envolvida no contrato tem cerca de R$ 2 bilhões em crédito, uma parte pequena dos R$ 54,3 bilhões que o BB concedia por meio do produto no final de março. O fim do contrato não levará ao cancelamento dos cartões existentes, que continuarão sendo geridos pelo BB. A Ame deve operar agora como um shopping virtual em que instituições concederão crédito como antecipação do saque-aniversário do FGTS. O cartão de crédito operará sob a mesma lógica, mas com um parceiro.
          Em fins de junho de 2024, investigação da Polícia Federal com base na delação de dois ex-funcionários da Americanas aponta que, na época em que balanços eram maquiados, um arquivo chamado “verdes e vermelhos” continha a expectativa de especialistas sobre a empresa. Quando a meta não era alcançada, o resultado era manipulado para elevar a cotação das ações. Termos como “soluções criativas” eram senhas na fraude, que deixou rombo de R$ 25,3 bilhões. A Justiça autorizou a prisão preventiva do ex-presidente da empresa Miguel Gutierrez e da ex-diretora Anna Christina Saicali. Eles moram no exterior e são considerados foragidos. Segundo a PF, ex-executivos venderam R$ 287 milhões em ações da Americanas antes de o rombo ser revelado. A fraude bilionária descoberta em 2023 e que virou alvo da operação deflagrada pela Polícia Federal contra a Americanas envolveu dezenas de funcionários e executivos da empresa que adotavam práticas irregulares.
          No início de julho de 2024, é divulgado que, em 2020, o então diretor financeiro da Lojas Americanas, Marcelo da Silva Nunes, diante dos resultados positivos da empresa, concluiu que seria possível diminuir o nível de fraudes contábeis. A iniciativa, contudo, teria sido abortada depois que os resultados da companhia foram comparados com o crescimento maior registrado pelos rivais do setor. A fraude continuou para não macular a aura de sucesso da varejista. Esse é um dos detalhes dos depoimentos de Nunes, um dos dois ex-executivos da empresa que fecharam um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal (MPF).
          A área técnica do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, em 9 de julho de 2024, as operações realizadas no âmbito da recuperação judicial da Americanas. Se em 15 dias o negócio não for questionado, fica definitivamente aprovado. O órgão analisa se existem problemas concorrenciais no negócio desenhado para a recuperação da varejista. A principal operação analisada é a aquisição de participação minoritária na companhia pelo Bradesco, Santander, Itaú Unibanco, Safra e BTG Pactual. Também foi avaliada a aquisição de controle da Americanas pelos “acionistas de referência”, que são pessoas jurídicas constituídas no Brasil ou no exterior, ligados a Jorge Lemann, Marcel Telles ou Carlos Alberto da Veiga Sicupira. Os acionistas de referência já detêm, atualmente, ações ordinárias representativas de aproximadamente 30,12% do capital social total e votante da Americanas.
          A Americanas terminou junho de 2024 com 1.622 lojas no Brasil, queda ante as 1.803 lojas que a empresa operava em 2022 e os 1.731 pontos de venda de 2023.
          Em 25 de julho de 2024, o conselho de administração da Americanas (em recuperação judicial), aprovou a homologação do aumento de capital da companhia, no valor de R$ 24,46 bilhões. Assim, o capital social da Americanas passou a ser de R$ 39,92 bilhões.
          Cotada a R$ 0,14 (chegando a R$ 0,09 na mínima do dia), a ação da Americanas registrou só em 15 de agosto de 2024 uma desvalorização de 57,58%. Foi o segundo maior tombo em um dia desde que a companhia anunciou uma “inconsistência contábil” bilionária na noite de 11 de janeiro de 2023 (76,25%). A queda de 15 de agosto ocorre após o fim do bloqueio intermediário das novas ações resultantes da capitalização de créditos por credores na companhia. Vista como uma “infeliz coincidência” pela diretora financeira da Americanas, Camille Faria, a baixa expressiva das ações no pregão de 15 de agosto coincidiu com a divulgação do balanço de 2023 e do primeiro semestre do ano, apresentado na noite do dia 14. “O dia seguinte da divulgação de resultados coincidiu com o dia em que acaba o ‘lock-up’ (impedimento de venda) inicial das ações que foram recebidas pelos credores”, disse.
          De acordo com a companhia, o resultado de 2023 foi negativamente marcado pelo impacto operacional da crise financeira e da redução de receitas, com custos adicionais da investigação e da recuperação judicial, parcialmente compensados por impactos tributários.
          No início de setembro de 2024, a Americanas anuncia que está encerrando as atividades de sua carteira digital Ame. Em aviso publicado na página inicial do site do serviço de pagamento, a empresa explica que, "desde o último ano, o ecossistema Americanas vem passando por uma grande transformação" e que "em uma nova fase, a Ame assumirá um outro papel, passando a concentrar suas soluções em um novo Programa de Fidelidade". Com isso, os serviços de conta de pagamento não serão mais oferecidos e conta será encerrada, informa o aviso. A empresa informa que os usuários da Ame devem acessar o aplicativo Ame e transferir o saldo para uma outra conta de sua preferência ou usá-lo para fazer compras à vista nas lojas físicas da Americanas até o dia 2 de novembro deste ano.
          A Americanas encerrou setembro de 2024 com um parque de 1.601 lojas ante 1.678 um ano antes. Referente ao terceiro trimestre de 2024, divulgou o primeiro resultado trimestral após pagar dívida da maioria de seus credores no âmbito de seu plano de recuperação judicial,
          A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) concluiu em 18 de outubro de 2024 a acusação por uso de informação privilegiada contra oito ex-executivos da Americanas em um dos inquéritos sobre o caso. Com isso, a investigação se converteu em um processo administrativo sancionador (PAS) na autarquia, que deve ir a julgamento. Os acusados no processo são os ex-diretores estatutários Miguel Gutierrez Anna Saicali, Marcio Cruz e José Timotheo de Barros; os ex-diretores Fabio Abrate, Marcelo da Silva Nunes e João Guerra; e o ex-superintendente de contabilidade, Fellipe Arantes Lourenço Bernardazzi.
(Fonte: revista Exame - 05.01.1994 / 15.02.1995 / 01.01.1997 / 07.10.1998 / 09.08.2000 / 17.08.2005 / DicasdeHoje - 18.05.2020 / livro: Como Fazer uma Empresa Dar Certo em um País Incerto - Ed. Elsevier / Abrasca - 01.03.2021 / Valor - 20.04.2021 / 29.042021 / ElevenFinancial - 19.06.2021 / Valor - 12.08.2021 / 16.09.2021 / ElevenFinancial - 05.11.2021 / Valor - 22.08.2022 / 07.10.2022 /12.01.2023 / CNN - 21.01.2023 / 24.01.2023 / Valor - 16.06.2023 / Dica de Hoje Research - 24.08.2023 /Valor - 01.10.2023 / 11.01.2024 / 15.01.2024 / Estadão - 27.02.2024 / Valor - 21.03.2024 / 22.05.2024 / Estadão - 10.06.2024 / 28.06.2024  / 04.07.2024 / Valor - 10.07.2024 / 26.07.2024 / InfoMoney - 16.08.2024 / Estadão - 16.08.2024 / Valor - 03.09.2024 / 21.10.2024 / Reuters - 14.11.2024 - partes)

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