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2 de out. de 2011

The South Sea Company (Companhia dos Mares do Sul)

          A South Sea Company (Companhia dos Mares do Sul) foi fundada por Robert Harley, conde de Oxford, em 1711 na Inglaterra, para assumir 10 milhões de libras da dívida da coroa. Em troca, recebeu pagamento de juros anual e o monopólio do comércio com as colônias espanholas da América do Sul. A empresa era deficitária, mas como instituição financeira era um portento.
          Transformou a dívida em ações e, para oferecer um preço que interessasse aos credores do governo, inflou como pôde esse valor. Cada ação tinha valor de face de 100 libras e dois meses depois valia o triplo. O rei Jorge I, o poeta Alexander Pope e Isaac Newton (sim, o físico), eram acionistas da South Sea, o que dava credibilidade à empresa, apesar de seu fraco desempenho.
          Vendia ações ao público, acenando-lhe com a possibilidade de lucros gigantescos, a serem obtidos na exploração das riquezas da costa ocidental da América do Sul. Relegava-se a um segundo plano o fato de que a Coroa de Espanha, soberana das terras em questão, autorizara a South Sea Company a fazer uma única viagem anual à região.
          As ações continuavam subindo (chegaram a 1000 libras). Até que a bolha estourou. Os participantes da festa sabiam que não duraria para sempre, mas erraram o timing. Uns dizem que Newton perdeu dinheiro. Até ele teria perdido seu rico dinheirinho, quando após sair das operações com um lucro superior a 100%, viu a ação continuar a subir e subir e acreditou que deveria entrar novamente na operação. O que se sabe é que ele deixou para a posteridade uma frase célebre: "Sei calcular o movimento dos corpos celestes, não a loucura das pessoas".
          É dessa época a expressão bubble companies. Curioso é que tais bolhas, volta e meia, aparecem para assombrar o capitalismo, e não só em companhias, mas em economias inteiras.
          Sabe-se que existe o risco de a bolha estourar, mas ninguém quer deixar de ganhar dinheiro antes do estouro, confiando que não se trata de uma bolha, ou que saberá a hora certa de sair. Timing é tudo, ou sorte, a depender do ponto de vista. O certo é que o sentido de manada prevalece no mercado. Quem sai antes não é chamado de prudente, mas de trouxa. Caso erre ao menos não está sozinho.
          Nos tempos da South Sea, Bernard Mandeville publicou sua célebre Fábula das Abelhas, na qual afirma que vícios privados (avareza, orgulho e luxo) produzem benefícios públicos. Ok. Mas a ganância tem levado as pessoas a querer participar da festa até muito além do sol raiar. A crise do sub-prime em 2008, por exemplo, foi um tombo histórico.
(Fonte: jornal Brasil Econômico / livro Os Mercadores da Noite - Ivan Sant'Anna-Ed.Inversa - partes)

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