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26 de out. de 2011

BRF

          Em abril de 2001, a Sadia, então número 1, havia se unido à Perdigão, número 2, para formar a BRF Trading e, juntas, avançar em mercados de países do continente africano, leste da Europa, Irã, Jordânia, Iraque e Rússia. A sociedade não deu certo. O falatório sobre uma possível fusão ficou em evidência. Três anos depois, tendo a Sadia uma reserva de caixa de R$ 2,5 bilhões, novas suspeitas sobre fusão entre as duas empresas veio novamente a lume.
          O sinal claro da intenção de compra da Perdigão pela Sadia veio em 2006, quando a Sadia surpreendeu o mercado e fez a primeira oferta pública de mercado do Brasil, a chamada oferta hostil, para adquirir a Perdigão. Depois de recusada a primeira oferta, a empresa chegou a oferecer R$ 3,9 bilhões para adquirir a concorrente, mas foi novamente rechaçada pela Perdigão.
          Depois da perda de R$ 2,6 bilhões em 2008 com derivativos, a Sadia passou a ser objeto de compra. Em março de 2009, a empresa assumiu em fato relevante que estava negociando uma associação com a Perdigão.
          Em maio de 2009, foi anunciado o acordo de fusão entre a Sadia e Perdigão (vide origem das marcas Sadia e Perdigão neste blog). Nasce então a Brasil Foods, mais tarde simplesmente BRF, ou brf conforme adotado em seu logotipo, um gigante do setor alimentício. O contrato foi assinado por Nildemar Secches, da Perdigão, e Luiz Fernando Furlan, da Sadia. O acordo criou uma empresa de cerca de 120.000 funcionários, mais de 40 fábricas e faturamento líquido de 22 bilhões de reais.
          Em fins de 2012, um grupo de acionistas liderado pela gestora Tarpon (Pedro Faria, da Tarpon, já era CEO internacional desde 2011) juntou-se a Abilio Diniz, ex-proprietário do Grupo Pão de Açúcar (vide origem da marca Pão de Açúcar neste blog), e também sócio da BRF, para dar as cartas na empresa. Abilio chega em abril de 2013 e traz para remodelar a empresa o especialista Cláudio Galeazzi, chamado por muitos de "mãos de tesoura", por sua volúpia para cortar custos.
          Por mais que a intenção dos novos sócios fosse impor um ritmo mais expressivo de crescimento para a empresa, que dava sinais de ter se acomodado após o grande desafio de sua criação, a cúpula da BRF, literalmente sem mandar recado, dispensou membros da equipe de até então. Nildemar Secches, por exemplo, considerado durante muito tempo um dos mais competentes executivos brasileiros, quando esteve no comando da Perdigão e um dos articuladores da compra da Sadia, foi despedido enquanto estava de férias em viagem em que estava incomunicável.
          No dia 10 de junho de 2013, os caminhos da BRF e da gigante JBS, líder do mercado mundial de carne bovina, se cruzaram. Após assumir dívidas de 5,85 bilhões de reais, o JBS comprou a Seara, divisão de alimentos processados do fabricante de alimentos Marfrig e vice-líder no mercado brasileiro de frangos e suínos. Se até ali os caminhos não se cruzavam pelo fato de atuarem em segmentos diferentes dentro de setor de alimentação, de uma hora para outra, o JBS virou o maior e mais ameaçador concorrente da BRF.
          Em 2014, já como resultado dos estudos para definir o foco da empresa, a BRF sai (parcialmente) da área de lácteos, que sempre considerou ter margens muito achatadas e nunca conseguiu ser a primeira do mercado, desfazendo-se de suas unidades localizadas em Bom Conselho (PE), Carambeí (PR), Ravena (MG), Concórdia (SC), Teutônia (RS), Itumbiara (MG), Terenos (MS), Ijuí (RS), 3 de Maio I (RS), 3 de Maio II (RS) e Santa Rosa (RS). A venda, por 1,8 bilhão de reais, foi feita para o grupo francês Lactalis, controlador da Parmalat S.p.A. As marcas Batavo e Elegê estão incluídas no negócio.
          Os dados de pouco depois de meados de 2014 eram reluzentes: Sadia e Perdigão constituem-se em duas das marcas mais valiosas da América Latina, a empresa alcança o patamar de R$ 32,0 bilhões de receita líquida (2015), com 40 fábricas em todo o Brasil, onde trabalham mais de 100 mil pessoas, 27 centros de distribuição, atendendo 99% dos lares brasileiros, com 150 mil clientes ativos e 240 mil pontos de venda. São produzidas 200 mil toneladas de alimentos por mês no Brasil. Um número curioso, mas que serve para dar dimensão ao gigantismo de suas granjas: são 23 milhões de metros quadrados de aviário. No exterior, possui 19 escritórios comerciais, sete unidades industriais na Argentina e duas na Europa, uma em Abu Dabi e uma na Tailândia
          Mas, a ideia de tornar o que era bom em ótimo de Diniz e da Tarpon começou e emitir sinais nebulosos. Galeazzi, que temia o avanço da concorrência no mercado brasileiro e achava que Faria não podia prescindir do período de experiência na operação local da BRF (os conselheiros, Abilio Diniz à frente, estavam encantados com o trabalho de Faria na área internacional).
          Diante da confirmação de que Faria era o escolhido, os então 11 sócios da Tarpon marcaram um jantar em comemoração ao que se referiam como a "subida do Everest". Galeazzi não gostou. Deixou o cargo em dezembro de 2014, e numa carta a conselheiros, executivos e acionistas teria profetizado dias difíceis: "Lamento profundamente o que ocorreu, mas prefiro interromper um sonho na raiz a ter de viver um pesadelo na minha gestão".
          Em 2 de janeiro de 2015, aos 40 anos, Pedro Andrade de Faria, sócio da gestora Tarpon assumiu o comando da BRF global. Empolgado com o sucesso do primeiro ano da nova gestão, Faria começou a segunda fase da estruturação da BRF - um processo que hoje é conhecido internamente como "tarponização-ambevização" da companhia. Faria trouxe da Tarpon Rodrigo Vieira - que administrava 120 funcionários na gestora e assumiu a área de RH de uma empresa com 110.000 empregados. José Alexandre Carneiro, também da Tarpon, assumiu a vice-presidência de finanças da América Latina e depois foi transferido para a operação brasileira. Para tocar a área de marketing no Brasil, escalou Flávia Faugeres, executiva com 20 anos de experiência em empresas como a cervejaria Ambev e a rede Burger King. Em menos de quatro meses, Flávia passou de vice-presidente de marketing a diretora-geral de Brasil, segundo cargo mais importante da companhia. Era sinal de que Pedro Faria queria instalar na BRF o estilo "faca nos dentes, sangue nos olhos" que tanto lucro deu aos acionistas da Ambev.
          Mas a BRF não era a Ambev e no início de 2016 Flávia decidiu deixar a empresa. Assumiram Leonardo Byrro, oriundo da Tarpon, e Rapael Ivanisk, ex-Inbev.
          Em 2016 os problemas começaram a aparecer com fatores inversos à bonanza de um ano antes - e de forma acelerada. Primeiro, a conjuntura mudou: o dólar caiu, o milho subiu, a gripe aviária desapareceu dos Estados Unidos e o preço da carne bovina caiu. A diretoria financeira havia mudado a política de compra de milho, tida como conservadora e cara demais. Essencialmente, a BRF, maior compradora de milho do Brasil, tinha o equivalente a um mês de estoque daquilo que é seu maior insumo. Em busca de eficiência financeira, pouco antes a queda da safra, a empresa reduziu seu estoque de grãos de nove meses para 45 dias, a fim de liberar capital de giro. Essa mudança  foi feita às vésperas de um repique médio de 70% no preço do milho, o que deixou a BRF nas mãos das tradings especializadas em grãos. Um concorrente chamou a nova política de compras da BRF de "insanidade típica de quem só pensa na planilha e esquece que existe um mundo real lá fora".
          A deterioração da economia brasileira impulsionou as vendas de marcas mais baratas mas a BRF decidiu enfrentar a recessão de peito aberto. No primeiro semestre de 2016, fez o maior repasse de preços de sua história, de quase 20%, já sabendo que isso poderia atrapalhar as vendas - o volume caiu 10% no primeiro semestre. Pelo calendário acertado com o Cade, novos itens poderiam ser lançados em 2016 com a marca Perdigão, e a BRF continuou patinando. A marca Perdigão, desenhada (ou desdenhada) como marca de combate pela nova gestão da BRF, continuou sendo considerada pelo consumidor como premium. A consequência é que os supermercados subiram os preços dos produtos Perdigão, embolsando a diferença e colocando as duas marcas da BRF numa competição direta pelo mesmo cliente. A Perdigão acabou roubando mercado da Sadia, no mais perfeito canibalismo.
          A Seara, que em junho de 2013 passou da endividada Marfrig para a JBS, e que tinha uma participação de mercado de 11%, chutou uma bola que estava quicando na área à sua frente e passou a abocanhar uma fatia de 16% em 2016. A BRF, com duas marcas concorrendo entre si, e que depois passou a pensar em criar uma terceira marca, facilitou para Seara, Aurora, Pif Paf e outras.
          Mostrando sua intenção de expansão na América Latina a BRF adquire, em outubro de 2015, sete marcas na Argentina - Vienissima, GoodMark, Manty, Delícia, Hamond, Tres Cruces e Wilson - da companhia argentina Molinos Rios de la Plata, por US$ 43,5 milhões. Essas marcas somam-se às Bocatti e Paty, que têm forte presença no país vizinho.
          Após e prejuízo de quase 400 milhões de reais em 2016, Abilio assumiu os erros  numa conferência com analistas em que pouco se ouviu a voz de Pedro Faria. A primeira decisão do comitê de crise criado pelo conselho foi a demissão de Rodrigo Vieira e José Alexandre Borges, vice-presidentes de marketing e finanças, respectivamente. O codiretor responsável pelo mercado interno, Rafael Ivanisk (ex-Inbev), pediu demissão. Abilio Diniz, tão afeito à contratação de consultores, se desentendeu com o consultor Vicente Falconi, conselheiro e chefe do comitê de recursos humanos da BRF. O desentendimento teria sido motivado pelo congelamento dos salários dos funcionários nos últimos três anos. Falconi deixou o conselho na assembleia de abril de 2017.
          A marca Sadia é a marca para ser verdadeiramente global, e a BRF reitera sua ambição: ser a mais inspiradora e relevante empresa de alimentos do mundo.
          No início de 2017, num novo passo para expandir suas operações no mercado muçulmano, a BRF anuncia acordo para adquirir a turca Banvit por US$ 470 milhões. O acordo prevê a participação do fundo soberano do Qatar, numa joint venture em que a BRF tem 60% e o fundo 40%. A Banvit tem cinco plantas de processamento de frangos, cinco fábricas de ração e quatro incubatórios. Os ativos da Banvit serão incorporados na recém criada OneFoods, subsidiária da BRF focada em mercados muçulmanos.
          Em março de 2017, a BRF sofre um duro golpe em sua imagem. Foi deflagrada pela Polícia Federal a Operação Carne Fraca para investigar um esquema de corrupção envolvendo fiscais agropecuários e frigoríficos, que levou à prisão temporária o então gerente de relações institucionais da BRF, Roney Nogueira dos Santos, solto meses depois.
          Pressionados pela Operação Carne Fraca, a BRF realizou junto ao Banco Bradesco uma operação de “total return swap”, onde vendia ações compradas anos antes por R$ 53,60 pelo valor de R$ 42,02. A ideia era usar o mecanismo de derivativos de ações apostando na alta de seus papéis sem paralisar parte de seu caixa. Em 16 de agosto de 2017, quando o instrumento derivativo foi assinado, as ações da BRF valiam R$ 41,49. O contrato firmado pelo ex-CEO, Pedro Faria, previa que a BRF pagaria 110% do CDI ao banco em troca da diferença positiva da variação do preço de suas ações. O cálculo é de que a empresa recuperaria o investimento caso o papel voltasse à casa dos R$ 50. O problema é que em 5 de fevereiro de 2019, data da liquidação final dos contratos – não havia possibilidade de renovação -, valiam R$ 25,24. Com isso, a BRF teve de pagar ao Bradesco 110% do CDI e também a variação negativa de suas ações. A diferença supera R$ 200 milhões.
          Em 31 de agosto de 2017, o conselho de administração da BRF, leia-se Abilio Diniz, anuncia a saída de Pedro Faria, que ficou no cargo até o último dia do ano e voltou para a Tarpon. Em janeiro de 2018, o executivo José Aurélio Drummond Junior assume como presidente executivo, cargo que já havia ocupado na Whirpool, Eneva e Alcoa. Os fundos Petros (Petrobras) e Previ (Banco do Brasil) resistiam à escolha de Drummond por sua proximidade com Abilio e com a Tarpon.
          Em 5 de março de 2018, a BRF vê novamente seu nome nas páginas policiais de jornais. Na "Operação Trapaça", nova fase da "Carne Fraca", que mira fraudes laboratoriais perante o Ministério da Agricultura, tendo a empresa como um dos alvos, foi preso o ex-presidente Pedro Faria que exerceu o cargo de 2015 a 31 de dezembro de 2017.
          As fraudes tinham como finalidade burlar o Serviço de Inspeção Federal (SIF/MAPA), do Ministério e, com isso, não permitir que a pasta fiscalizasse com eficácia a qualidade do processo industrial da empresa. As investigações indicam que a prática das fraudes contava com a anuência de executivos do grupo empresarial, bem como de seu corpo técnico, além de profissionais responsáveis pelo controle de qualidade dos produtos da própria empresa.
          Nos primeiros meses de 2018, o risco de doenças como a salmonela foi um dos focos de investigação da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que levou a União Europeia a bloquear a exportação de 12 fábricas da empresa. O problema pode ter sido causado pela contínua diminuição dos vazios sanitários, os intervalos entre a entrega das aves prontas para o abate e o recebimento do próximo lote de pintinhos, quando os aviários são desinfetados e os funcionários folgam. O bloqueio desencadeou uma corrida para reorganizar a produção. Quatro fábricas entraram em férias coletivas em maio e junho. Cerca de 40 milhões de pintinhos que abasteceriam essas unidades foram sacrificados. Os bichinhos seriam incinerados ou transformados em ração animal.
          Concomitantemente ao aparecimento nas páginas policiais de jornais, a BRF travava internamente uma guerra pelo poder. No início de 2018, a tensão entre os fundos de pensão, Abilio Diniz e a Tarpon cresceu. Em 25 de fevereiro, os fundos pediram a destituição de conselho de administração. Na chapa proposta, não havia representantes da Tarpon ou da Península (empresa de Abilio). Um desafeto de Abilio, o ex-presidente do Pão de Açúcar Augusto Cruz, era o presidente do conselho. Roberto Funari, preterido por Abilio, também estava no time.
          Em 7 de dezembro de 2018, é anunciado que a BRF chegou a um acordo com a Marfrig para vender o controle da Quickfood, empresa argentina de carne bovina, e para repassar a produção de hambúrguer em Várzea Grande (MT) para a Marfrig. Pelos termos do acordo, a Marfrig pagaria cerca de R$ 315 milhões para ficar com os ativos na Argentina e Brasil.
          Também em dezembro (2018), a companhia, então comandada por Pedro Parente vendeu a Avex – que atua na produção de alimentos à base de frango e margarinas na Argentina – para a Granja Tres Arroyos e Fribel por US$ 50 milhões.
          No início de janeiro de 2019, a BRF informou que vendeu a argentina Campo Austral por US$ 35,5 milhões. A transação consiste na venda da planta localizada na cidade de Florencio Varela e de todos os ativos e passivos relacionados, inclusive as marcas Bocatti e Calchaquí para a Bogs. Em seguida, o contrato prevê a venda de 100% das ações da Campo Austral, incluindo suas plantas em San Andrés de Giles e Pilar, além da marca Campo Austral para a La Piamontesa de Averaldo Giacosa y Compañía. Os negócios fazem parte do plano de reestruturação operacional e financeira anunciado no final de junho de 2018. A venda de unidades operacionais na Europa, Tailândia e Argentina estava prevista na orientação estratégica da companhia catarinense. O objetivo era melhorar a estrutura de capital, por meio da redução da alavancagem.
          A BRF assinou, na madrugada do dia 7 de fevereiro de 2019, a venda das operações na Tailândia e Europa para a Tyson Foods, por US$ 340 milhões (R$ 1,258 bilhão, considerando o fechamento da moeda americana da véspera). Na prática, a venda das operações na Europa e Tailândia (quatro fábricas no país asiático, uma na Holanda e uma no Reino Unido) representa um revés para a BRF, que não conseguiu atingir a meta de obter R$ 3 bilhões com a venda de ativos -- somando as medidas de capital de giro, o plano de monetização é de R$ 5 bilhões. A BRF comprou a Golden Foods e a Universal Meats no início de 2016, pagando US$ 410 milhões -- sendo US$ 360 milhões pela tailandesa. Ao vender os ativos à Tyson, a BRF amarga uma perda contábil (não caixa) de ao menos US$ 70 milhões (cerca de R$ 260 milhões).
          Em maio de 2019, BRF e Marfrig anunciaram um acordo para negociar uma combinação que criaria uma gigante de carnes com faturamento de R$ 80 bilhões. Em 11 de julho de 2019, a BRF informa que a fusão com a Marfrig naufragou. As empresas encerraram as conversas. Divergências em torno da governança corporativa travaram a continuidade das negociações entre as duas companhias.
          Em 21 de maio de 2021, a BRF informou que recebeu comunicado da Marfrig Global Foods informando que esta adquiriu ações ordinárias de emissão da companhia, via opções e leilão realizados em bolsa, em um movimento que poderá resultar em uma participação acionária de até 196.869.573 ações ordinárias, ou 24,23%, em seu capital social.
          “A Marfrig declarou ainda que: (i) a aquisição da participação ora mencionada visa a diversificar os investimentos da Marfrig em um segmento que possui complementaridades com seu setor de atuação; (ii) a participação ora mencionada reflete a participação visada até o momento e esclarece que não pretende: (a) eleger membros para a administração da Companhia; (b) exercer influência sobre as atividades da Companhia; ou (c) promover alterações no controle ou na estrutura administrativa da Companhia; (iii) com exceção da participação mencionada acima, a Marfrig não é titular, nesta data, de outros valores mobiliários ou instrumentos financeiros derivativos referenciados em ações de emissão da Companhia, sejam de liquidação física ou financeira; e (iv) não foram celebrados pela Marfrig quaisquer contratos ou acordos que regulem o exercício de direito de voto ou a compra e venda de outros valores mobiliários emitidos pela Companhia”, informou a BRF.
          Em 3 de junho de 2021, a BRF comunicou que a Marfrig comprou mais ações da companhia por meio de opções e de leilões realizados em Bolsa. Agora, a produtora de carne bovina pode chegar a ter 31,66% de participação no capital da BRF, o que a colocaria perto dos limites estabelecidos no estatuto para acionistas minoritários.
          No passado, a BRF já foi sondada Tyson, pela gestora 3G, por grupos chineses e pelo grupo formado pelo banco Safra e pela empresa de sucos de laranja Cutrale.
          Em 18 de junho de 2021, a BRF anunciou acordo para adquirir o grupo gaúcho Hercosul, em um passo para ampliar a diversificação em segmento de rações de cães e gatos, que integram um mercado de maior margem que cresce mais de 20% ao ano no país. Com essa aquisição, a BRF avança em ração para pets e foca margens diante da alta do milho.
          Em 25 de junho de 2021, a BRF entro no mercado pet. Por meio da subsidiária BRF Pet, a BRF comprou a Mogiana Alimentos, dona das marcas de rações Guabi Natural, GranPlus e Faro. O valor da aquisição, negociada com as companhias Paraguassu Participações S.A. e Affinity Petcare Brasil Participações Ltda., não foi revelado. Essa foi a segunda aquisição da BRF no segmento de rações para pets. Com as compras, a participação da BRF no mercado de alimentos para animais domésticos deve chegar a 10%.
          Desde 1975 no mercado, a Mogiana Alimentos é uma sociedade especializada em produtos para nutrição animal de cães e gatos, com sólidos padrões de qualidade, governança e segurança alimentar. A sociedade tem sede em Campinas, São Paulo e atua com forte presença na região sudeste, além de exportar produtos para países no Caribe, Europa e América do Sul, contando, para tanto, com duas unidades de produção em Campinas e Bastos, ambas no interior de São Paulo.
          No início de agosto de 2021, a  BRF, que já detinha a Balance, concluiu as compras do Grupo Hercosul (anunciado em 18 de junho) e da Mogiana após aprovação do Cade, por R$ 1,35 bilhão no total. A Hercosul, do Rio Grande do Sul, faz a marca Biofresh.
          No final de outubro de 2021, depois de quase nove anos, Abilio Diniz, que foi presidente do conselho da BRF entre 2013 e 2018, deixou de ser acionista da empresa. O empresário vendeu sua fatia de 3,8% à Marfrig em 19 de maio de 2021, mas o acordo de R$ 898,9 milhões só veio a público no final de outubro, num documento enviado à SEC. A saída de Abilio encerra uma trajetória que começou promissora, mas acabou melancólica. Além dos problemas financeiros na BRF, o empresário perdeu dinheiro. Quando montou a posição na BRF, entre o fim de 2012 e o início de 2013, as ações da companhia valiam perto de R$ 40. Na época, os fundos da Península investiram mais de R$ 1 bilhão. A Marfrig pagou R$ 28,75 pelos papéis de Abilio. A venda das ações de Abilio para a Marfrig foi acertada em 19 de maio, quando Marcos Molina deflagrou o movimento de compras que culminou com uma posição de 31,66% na BRF. A transação, no entanto, só se efetivou em agosto, após a aprovação do negócio no Cade.
          No início de junho de 2022, a BRF inaugurou sua nova fábrica em Dammam, na Arábia Saudita, capaz de produzir 1,2 mil toneladas de alimentos por mês. A unidade foi comprada em janeiro de 2021, por US$ 8 milhões.
          Em fins de agosto de 2022, a BRF divulga que mudará sua equipe de gestão em mais um desdobramento da chegada de Marcos Molina como acionista controlador da BRF. Lorival Luz renunciou após três anos como CEO, e a BRF trouxe um antigo conhecido do Sr. Molina para substituí-lo: Miguel Gularte, atual CEO da Marfrig. O veterinário, nascido em Bagé, no Rio Grande do Sul, é um experiente executivo do setor de carne bovina que já trabalhou na JBS e no Minerva. Agora ele fará uma incursão no ramo de frangos e suínos.
          Em 20 de novembro de 2024, a BRF, controlada da Marfrig, anunciou que adquiriu uma fábrica de processamento de alimentos da americana Henan Best Foods, na cidade de Zhoukou, na província de Henan, na China, por US$ 43 milhões. Com a transação, a companhia passa a ter operação direta na segunda maior economia do mundo, onde já comercializa seus produtos. A companhia informou ainda que fará investimentos de US$ 36 milhões na expansão da fábrica, dobrando a capacidade produtiva de 28 mil toneladas/ano para 60 mil toneladas/ano.
          Além de Sadia e Perdigão, a BRF é proprietária também das marcas Qualy e Claybom. E fabrica a margarina Becel, sob licença da Unilever. Na Turquia, é dona da marca Banvit. Fazem parte do grupo também as marcas Paty, Dánica, Bocatti, Vienissima, Speedy Pollo, Golden Foods, Sulina, Grabits e Kidelli. Devido ao modelo de negócios Glocal (movimento baseado na globalização, mas respeitando as especificidades de cada local), as marcas são trabalhadas de formas diferentes em cada país.
(Fonte: revista Forbes Brasil - 09.05.2001 / jornal O Estado de S.Paulo - 18.05.2009 / revista Exame - 26.06.2013 / jornal Valor - online - 03.09.2014 / Apresentação reunião Apimec - 31.10.2014 / jornal Valor - 06.10.2015 / 10.01.2017 / revista Exame - 29.03.2017 / Veja.com - 01.09.2017 / jornal Folha de S.Paulo - 22.11.2017 / Veja.com - 05.03.2018 / revista Exame - 21.03.2018 / 16.05.2018 / Valor - 07.12.2018 / revista Amanhã - 10.01.2019 / Valor - 07.02.2019 IstoÉDinheiro - 01.03.2019 / Valor - 11.07.2019 / 21.05.2021 / InfoMoney - 25.06.2021 / DicadeHoje Research - 18.06.2021 / Capital Aberto - 26.06.2021 / Valor - 28.10.2021 / 10.06.2022 / 30.08.2022 / 20.11.2024 - partes)




English version:

BRF, Brasil Foods, certainly has already been a part of your life for a long time. BRF is the merger of Perdigão (see source Perdigão brand in this blog) and Sadia (see source Sadia brand in this blog). Together, they form the largest food company in the country. It is the third largest Brazilian exporter, with products in 140 countries. It is also one of the largest employers in Brazil: it generates more than 115,000 direct jobs and more than 200,000 indirect jobs.

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