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6 de out. de 2011

Fenasoft

           Max Gonçalves (Maximiano Augusto Gonçalves Filho) foi o fundador e presidente da Fenasoft, denominação da feira e da empresa, formada por parte das palavras Feira Nacional do Software.
          A sede da empresa ficava em Florianópolis, Santa Catarina. Em São Paulo, a empresa tinha apenas um acanhado escritório na Marginal do Rio Pinheiros. Considerando número do início de julho de 1994, antes da 8ª edição da feira, o número de funcionários era em torno de 200.
          Max tem uma formação cosmopolita. Durante anos, ele e sua irmã, filhos de um professor de português e de uma pintora, viveram em diversas cidades do exterior, como Londres e Paris.
          Com gosto pela informática, quando retornou ao Brasil, no final da década de 1960, abriu um birô de serviços de processamento de dados. Os negócios, segundo ele, iam bem, mas o avanço da microinformática algum tempo depois já mostrava que aquelas máquinas enormes não tinham lá muito futuro. Uma pequena empresa de processamento de dados, muito menos. "Só sobreviveriam os grandes", disse ele. Era o início dos anos 1980 e Max passou a fazer produtos específicos na área de informática para os clientes. A atividade no Brasil era nova e para difundi-la Max fazia seminários sobre o assunto. Era o embrião da Fenasoft. Logo os clientes pediram-lhe que montasse pequenos estandes junto ao auditório. Assim, aproveitariam a presença do público especializado para fazer um certo marketing.
          Só que o número de estandes não parava de crescer. "É ali que vou ganhar dinheiro", percebeu Max. Ele vendeu dois apartamentos no Rio de Janeiro e um automóvel, arrecadou 250 mil dólares e montou a primeira Fanasoft em 1987, no Riocentro. De cara, porém, imprimiu a marca registrada da feira, a popularização da informática. Era uma forma de diferenciação da feira da Sucesu, a grande vitrine eletrônica da época. Em vez de explanações técnicas e incompreensíveis para os simples mortais, Max optou por levar a informática para o cotidiano de seus visitantes. Na segunda edição da Fenasoft, Max criou a Informópolis, simulação de uma cidade totalmente informatizada - da casa de carnes à prefeitura. Nela, também montou o Só Software, um supermercado de programas de computador para venda direta ao público.
          Dois momentos foram decisivos na trajetória da Fenasoft. Na quarta edição da feira, a primeira realizada em São Paulo, em julho de 1990 no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, uma multidão ficou de fora da feira por falta de espaço. A Fenasoft estava consolidada. Precisava de um espaço maior. O segundo momento aconteceu em 1992. A reserva de mercado estava desmoronando, e Max levou sua feira para o Parque do Anhembi. Naquele ano, foi a explosão. Segundo cálculo de Max, mais de 670.000 pessoas passaram por lá. Os negócios gerados teriam sido de 1,5 bilhão de dólares, quase o dobro do ano anterior. A Fenasoft era, de vez, um acontecimento popular.
          Não havia exagero nenhum em dizer que a Fenasoft era, então, uma parada obrigatória para quem tivesse o mínimo interesse pela informática. Todos os nomes vistosos da informática estavam presentes à festa - IBM, Xerox, Microsoft, Itautec, Compaq e tantas outras potências eletrônicas. A Brasoft, uma das grandes distribuidoras de programas de computador se fazia presente. A Oracle, líder em bancos de dados no mundo, acreditava gerar negócios na feira equivalentes a cerca de 15% de suas receitas anuais.
          Em apenas sete anos, Max transformou a Fenasoft num acontecimento mundial para os adeptos dos bit e bytes. Na verdade, Max é ao mesmo tempo criador e criatura. Ninguém como ele, soube desmistificar tanto a informática numa época em que os CPD (Centro de Processamentos de Dados) funcionavam como torres de marfim nas empresas. Aí, ele ajudou a criar e desenvolver um mercado de informática no país. Max floresceu com o final da reserva de mercado. Desde meados de 1992, quando  Lei de Informática começou a dar seu derradeiro e tardio suspiro, o setor passou a viver dias gloriosos.
           Verdadeiras multidões de Maracanã se reuniam durante os quatro dias de feira. Incríveis números como 800.000 visitantes foram até a feira de informática em julho de 1993, no Anhembi, em São Paulo, para ver as novidades tecnológicas mostradas por mais de 1.000 empresas. O segredo desse sucesso, segundo Gonçalves, está no fato de o Brasil ser um país de jovens, público mais sensível à alta tecnologia. Depois da feira, "eliminando-se presenças em duplicidade da mesmo pessoa, o número de visitantes passou para 523.000", disse Max. Mesmo desinflado, continuou sendo um número espetacular. A outra grande feira do setor no Brasil, era a Comdex.
           Para se ter uma ideia de como evoluímos até os dias atuais, basta lembrar que para a Fenasoft de 1994, a ideia foi dar ênfase às possibilidades de computação móvel. Tratava-se do conceito que permitia ao usuário literalmente carregar o escritório debaixo do braço na forma de um micro portátil equipado com recursos de comunicação.
           Para Gonçalves, "com um equipamento desses, o usuário podia fazer negócio em qualquer lugar, sem precisar estar plantado no escritório tradicional".
          Max Gonçalves queria descentralizar ao máximo as decisões na empresa. Para isso, estava cercado de gente de sua confiança. Um de seus filhos, Max Neto, era o diretor operacional. Outras áreas de importância foram entregues a pessoas conhecidas de longa data.
          Livre das tarefas cotidianas, Max podia dedicar-se ao que mais gostava de fazer, negócios e política. Um grande projeto o tinha absorvido em meados de 1994: a criação, em 1995, de uma feira de informática em Boston, nos Estados Unidos. Era um projeto ambicioso. "O Anhembi ficou pequeno param mim", disse.
          Nascido em 1944, Max vive numa casa cinematográfica, de 23.000 metros quadrados, à beira da Lagoa da Conceição, em Florianópolis. Tem também um apartamento em Miami, onde costuma circular dentro de um BMW.
           Por incrível que pareça, pouco tempo depois, a Fenasoft foi descontinuada.
(Fonte: revista Exame - 05.01.1994 / 20.07.1994 - partes) 

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