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6 de out. de 2011

Gazeta Mercantil

           A Gazeta Mercantil nasceu como um boletim diário de mercado em 1920. Seu fundador, Herbert Levy, faleceu em 2002. Ao longo de boa parte de seus quase 90 anos de existência, o jornal Gazeta Mercantil narrou, com competência e elegância, os altos e baixos da trajetória econômica do Brasil moderno. Porém, de maneira triste, particularmente para aqueles que testemunharam sua relevância no passado, a própria Gazeta Mercantil virou notícia: na sexta-feira, dia 29 de maio de 2009, foi a última edição do jornal.
          O motivo do fechamento gira em torno de uma disputa de quem deveria arcar com a dívida trabalhista do jornal, de cerca de R$ 250 milhões. De um lado estava o empresário Nelson Tanure - dono da Companhia Brasileira de Mídia (CBM) -, que, no fim de 2003, arrematou a marca Gazeta Mercantil e passou de lá para cá a ser o responsável pela publicação do jornal. Do outro, o antigo controlador, Luiz Fernando Levy, filho do fundador, Herbert Levy.
           A Gazeta alcançou seu auge nas décadas de 1970 e 1980. O projeto editorial era inspirado nos grandes diários financeiros do planeta, como o americano The Wall Street Journal ou o inglês Financial Times. Suas páginas eram recheadas de anúncios e balanços, e o número de assinantes superava os 130 mil. No fim da década de 1990, começaram a emergir os problemas financeiros. Nesse período, vários grupos de comunicação, do Brasil e do Exterior, tentaram comprar a Gazeta, mas esbarravam na resistência dos Levy de abrir mão do controle editorial.
          Em 1973, um boletim especializado em pequenas notícias financeiras e em registros de protestos, falências e concordatas foi convertido num jornal destinado a cobrir mais amplamente o mundo das empresas e dos negócios. O dono do boletim era Herbert Levy, banqueiro, fazendeiro, empresário e político (deputado federal) ligado à UDN, um dos principais partidos conservadores do período anterior à ditadura militar. Herbert Levy e seu sucessor, o filho Luiz Fernando, proporcionaram as condições financeiras para a conversão do velho boletim num jornal ambicioso e produzido por bons profissionais. Os dois, segundo jornalistas citados no livro Gazeta Mercantil – A Trajetória do Maior Jornal de Economia do País, de autoria de Célia de Gouvêa Franco, ex-integrante da equipe da Gazeta Mercantil, evitaram intervir na produção e na orientação da Gazeta, respeitando de forma constante o trabalho jornalístico. Ambos, no entanto, já tinham a intenção de modernizar e fortalecer o velho boletim, e nisso coincidiram com a equipe mobilizada para o trabalho.
           O jornal era muito ágil. Era impresso em oito cidades simultaneamente: Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Blumenau, Porto Alegre, Salvador e Recife, chegando cedo em quase qualquer ponto do Brasil.
            Em 2000, a Gazeta passou a ter um concorrente forte: o jornal Valor Econômico, lançado por uma associação entre as Organizações Globo, grupo de mídia que publica Época - e o Grupo Folha, que edita o jornal Folha de S. Paulo. Foi um golpe cruel. O Brasil passou a ter pelo menos cinco diários financeiros: Gazeta Mercantil, Valor Econômico, o tabloide Brasil Econômico, Jornal do Commércio, e DCI. Aparentemente, muito para o tamanho da economia brasileira.
          A Gazeta Mercantil foi o mais respeitado periódico na área de economia até 2009, quando deixou de circular por problemas financeiros
          Em setembro de 2016, o Grupo Globo adquire os 50% do Valor Econômico que eram detidos pelo Grupo Folha. Com isso, a empresa que publica o jornal Valor Econômico passa a ser de propriedade exclusiva do grupo carioca.
(Fonte: Época - 01.06.2009 / jornal Folha de S.Paulo - 16.09.2016 / Estadão - 24.10.2024 - partes)

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