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6 de out. de 2011

Datasul

          A Datasul, especializada em software de gestão, foi criada pelo empresário Miguel Abuhab, em Joinville, Santa Catarina. Com matriz em Joinville, a empresa tinha filiais em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
          A empresa opera na Argentina desde 1995 e lá comprou a maior concorrente local em 2006 e, em outubro de 2007, instalou um centro de desenvolvimento para dar suporte a países de língua espanhola.
          Considerando como base, outubro de 1996, seu sistema de gestão empresarial Magnus estava instalado em cerca de 1.000 clientes, como Polibrasil, Grammer, Air Liquide e Ferteco.
          Até 2005, a Datasul gozava da indiscutível condição de maior fornecedora nacional de sistemas de gestão empresarial, os chamados ERPs, softwares que automatizam funçoes administrativas e contábeis das companhias. Nenhuma das outras três grandes rivais brasileiras - Microsiga, Logocenter e RM Sistemas - dava sinais de que conseguiria suplantar seu faturamento no curto ou médio prazo. Mas, num espaço de apenas 14 meses, o mercado virou. Numa sequência impressionante de ações, a Microsiga, do empresário Laércio Cosentino, comprou a Logocenter e criou a holding batizada de Totvs (vide origem da marca Totvs nesse blog) e, logo depois comprou a RM Sistemas.
          Quando a Datasul acordou, anos de liderança tinham evaporado. A Totvs era a nova grande fornecedora nacional de softwares de gestão, com uma folgada dianteira. Seguiu-se um período difícil. A Datasul levou adiante o plano de abrir capital, mas seus papeis tiveram uma recepção morna na bolsa. A sensação de que chegara atrasada era inevitável.
          Então, finalmente, a companhia deu uma demonstração de força. Em 2007, a Datasul voltou a falar grosso e anunciou seis aquisições seguidas, média de quase uma por mês, gastando um total de 68 milhões de reais. As empresas adquiridas e os valores pagos, em reais, são as seguintes: Meya (3,6 milhões), Informenge (2,6 milhões), Próxima (8,0 milhões), Ilog (2,2 milhões), YMF (43,7 milhões, Softteam (7,8 milhões).
          No jogo, a Datasul sem dúvida estava. A questão que permanecia em aberto era saber até onde a empresa podia chegar. Apesar das compras em série, sob vários aspectos a Datasul permanecia numa encruzilhada. Não havia caminho fácil ou óbvio a seguir. O dinheiro então em caixa permitia mais algumas aquisições, porém não o suficiente para recolocá-la no topo do ranking nacional. Não era só uma questão de recursos: depois da Logocenter e da RM Sistemas, praticamente acabaram os grandes alvos disponíveis para fusões. Além disso, a Datasul estava ensanduichada. A empresa atuava numa faixa intermediária, atendendo clientes de porte médio a grande. O problema é que a maioria das companhias pequenas preferia os produtos da Totvs, mais baratos, e quase todas as subsidiárias de multinacionais fecham com a alemã SAP ou a americana Oracle, seguindo os passos de suas matrizes.
          Em julho de 2008, então como a segunda colocada no ranking, a Datasul é vendida à Totvs por 770 milhões de reais.
          Abuhab continuou participando mensalmente de reuniões da companhia.
          A maior parte de seu tempo, porém,  passou a dedicar à Neogrid, empresa especializada em supply chain. A companhia adquiriu a Xplan Business Solutions em 2006, e a Mercador (do Grupo Telefónica) em 2007, ambas do mesmo setor. O grupo das três empresas de Abuhab, juntas, considerando dados do inicio de 2008, atuavam em mais de 24 países, possuíam 400 funcionários e atendiam 600 clientes.
(Fonte: revista Exame - 12.09.2007 / 21.11.2007 / revista IstoÉDinheiro - 21.01.2008)

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