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6 de out. de 2011

Budweiser

          Por se encaixar tão graciosa e alegremente no esquema de boa vida, a Budweiser é reconhecida como a rainha da cerveja engarrafada. Milhões que deram boas vindas à cerveja, estão descobrindo que existe apenas uma Budweiser - produzida e envelhecida na maior cervejaria do mundo.
           Só quem mora em uma caverna não teria ouvido falar da Budweiser, produzida pela primeira vez em 1876, nos Estados Unidos. Patrocínios das Olimpíadas, da Copa do Mundo de futebol e reservas em bloco das transmissões do Super Bowl, que ainda é o evento mais assistido nos Estados Unidos, fazem da Bud uma propriedade global.
           No entanto, não há muito amor entre os aficionados pelo que tem sido até recentemente a marca de cerveja perenemente mais vendida do mundo (junto com a Bud Light). É ridicularizada em alguns setores como estimulante e pouco gratificante, a versão fermentada do pão branco fatiado. Talvez isso seja perder o ponto. Budweiser é, educadamente, uma cerveja delicada, seu corpo leve revela facilmente quaisquer defeitos no processo de fabricação da cerveja. Mas se você quiser observar a dedicação implacável em produzir cerveja de qualidade, siga um mestre cervejeiro da Anheuser-Busch (AB).
           Desde que August Busch III assumiu o comando da Anheuser-Busch, em 1975, os negócios de sua família não pararam de crescer. Naquela época, é certo, a dona da Budweiser ocupava folgadamente, com 23% das vendas, a liderança entre as cervejarias dos Estados Unidos, conquistada em 1957. Sob a batuta de Busch III, porém, sua fatia quase dobrou, batendo nos 44,8% registrados em 1996. A segunda colocada, a Miller, tinha pouco mais de 22%. Para se ter uma ideia: são da AB a primeira e a segunda marcas mais vendidas - a centenária Budweiser e a Bud Light, respectivamente.
          Isso não significa vida mansa no One Busch Place, o edifício de paredes avermelhadas de Saint Louis, no Missouri, onde está instalado o QG da AB. Em busca de melhoras nos resultados, Busch resolveu reorganizar o grupo. Empresas como a Eagle Snacks, fabricante de salgadinhos, e a Campbell Taggart, de fermentos para panificação, foram fechadas ou vendidas. Também foi passado adiante um time de beisebol, o St. Louis Cardinals. Há alguns anos, pensávamos que a diversificação era uma boa ideia", disse Busch. "Vimos, porém, que, em alguns daqueles negócios, não sabíamos ganhar dinheiro." Segundo ele, o foco foi assestado nos negócios vencedores: a cervejaria, uma fábrica de latas, a Metal Container, e a área de entretenimento, liderada pelos parques temáticos Busch Gardens e Sea World.
          Carro chefe da AB, com uma produção anual de 91,1 milhões de barris em 1996, a cervejaria é a maior do planeta, com 8,3% de participação (1996). O problema para Busch é que a supremacia advém de sua posição privilegiada nos Estados Unidos, um mercado que representa um quinto do consumo mundial e estava estagnado. As vendas externas mal chegavam a 5% das receitas totais da AB. Daí a decisão de recuperar o tempo perdido e apostar no mercado global, onde brilha a Heineken. A formação de joint ventures em países como China, Argentina, Filipinas, Itália, Inglaterra, Espanha e Brasil (com a Antarctica) para a produção local de suas cervejas seria um passo nessa direção.
          Em julho de 2008 a belgo-brasileira InBev anunciou o maior negócio da história do setor cervejeiro em todo o globo: um acordo para comprar a fabricante da Budweiser, por U$ 52 bilhões. Estava formada a Anheuser-Busch Inbev (AB Inbev). O acordo foi levado a cabo dois meses antes da bancarrota do banco americano Lehman Brothers, quando o mundo praticamente mergulhou no caos financeiro, mas o andamento do processo aparentemente ocorreu sem interferências.

English version:
          Because it fits so gracefully and so gaily into the scheme of good living, Budweiser is recognized as the King of Bottled Beer. Millions who welcomed beer back, are finding there is only one Budweiser - brewed and fully aged in the world's largest brewery.
          You'd have to have been living in a cave not to have heard of Budweiser, first brewed in 1876, in United States. Sponsorships of the Olympics, football's World Cup, and block bookings of Super Bowl telecasts, which is still the most watched event in the United States, make Bud a global property.
          Yet there's not a lot of love among aficionados for what has been until recently the world's perennially best-selling beer brand (along with Bud Light). It is derided in some quarters as anchallenging and unrewarding, the brewing version of sliced white bread. Perhaps this is to miss the point. Budweiser is, politely, a delicate beer, its slight body readly revealing any defects is the brewing process. But if you want to observe the unrelenting dedication to producing quality beer, shadow an Anheuser-Busch brewmaster.
(Fonte: livro 1001 Beers You Must Try Before You Die - Quintessence Editions Ltd - pág. 344 / revista Exame - 20.11.1996 - partes)

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