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5 de out. de 2011

Prio (antiga PetroRio / HRT)

HRT          
          Em 2000, o geólogo Marcio Rocha Mello decidiu sair da Petrobras, onde trabalhou por 24 anos, e criou duas empresas de estudos geológicos. Ambas foram vendidas em 2004 para duas pequenas companhias do setor de petróleo, uma brasileira e outra holandesa. No mesmo ano, Mello fundou a HRT - abreviação de High Resolution Technology -, que nasceu também como empresa de análise sísmica. A HRT consegue trazer para seus quadros, por volta de 2007, o ex-coordenador do Centro de Pesquisas da Petrobras, Nilo Azambuja, que estava na estatal há 30 anos.
          O rumo do negócio mudaria em novembro de 2008, após um telefonema. Mello ligou para um conhecido em Nova York, o executivo americano Michael Vitton, chefe de renda variável do banco canadense BMO, especializado em investimentos em recursos naturais. Mello queria apresentar a Vitton um de seus clientes - uma pequena petroleira que procurava financiamento para extrair petróleo na bacia do Solimões, na Amazônia. Não - foi a resposta. Mas sugeriu que ele mesmo criasse a petroleira e então teria o dinheiro. Na época, a empresa se chamava BN 16 Participações Ltda.
          Dois dias depois, Vitton desembarcou no Brasil, transformou-se em sócio de Mello, criou um fundo de investimento em empresas brasileiras de capital fechado e pediu demissão do BMO. No fim de 2009, Vitton usou sua rede de contatos para apresentar a HRT a investidores estrangeiros, realizando a primeira captação da empresa, com a venda de uma participação de 70%, por 276 milhões de dólares. Entre os investidores estava o fundo MSD Capital, de Michael Dell, fundador da fabricante de computadores que leva seu sobrenome.
          A HRT foi fundada em 2009 por Mello ainda usando o grandioso nome High Resolution Technology (HRT). O escritório era em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro.
          A empresa abriu o capital em 2010, apenas um ano depois da fundação e captou 2,6 bilhões de reais para explorar petróleo na Bacia Amazônica e na Namíbia. Na prática, Mello vendeu na bolsa um plano de negócios cuja promessa era começar a produzir petróleo ainda em 2011 e chegar a 100.000 barris por dia em 2014, a maior parte no estado do Amazonas, área ainda pouco explorada pela Petrobras.
          Até 2013, havia perfurado 14 poços, mas não tinha achado uma gota de petróleo, apenas gás natural. O clima entre os investidores estava bem diferente daquele da oferta de ações, quando o salão da bolsa brasileira foi tomado por passistas e músicos da escola de samba carioca Beija-Flor numa grande festa.
          Um grupo de acionistas, liderado pelo fundo americano Discovery Capital, começou a pressionar por mudanças. Muitos estavam vendendo ações, o que diminuiu o valor de mercado da HRT em 97% desde a oferta, para 200 milhões de reais.
          Em 2013 a empresa adquiriu o campo do Polvo na Bacia de Campos e detém a operação de 100% do mesmo.
          Foi em 2013, que o polêmico empresário Nelson Tanure decidiu entrar. Fiel ao seu estilo de investir em companhias problemáticas e, por isso, baratas, esperando lucrar com algum tipo de reestruturação, o investidor baiano passou a comprar ações da HRT aos montes. Em menos de seis meses, seu fundo, o Docas Investimentos, comprou o equivalente a 20% do capital da empresa.
          Tanure decidiu, então, aliar-se a Mello contra os fundos e impor uma nova estratégia de negócio. Para Tanure, o fundador tinha o conhecimento dos campos que a empresa possuía, mas a administração da petroleira precisava mudar. Foi eleito um novo conselho de administração, com membros simpáticos à nova filosofia, e a diretoria, trocada. O plano do executivo era deixar de lado os projetos mirabolantes de exploração de novos poços de petróleo e se concentrar em operar campos já maduros.
          Ainda em 2013, a empresa comprou a participação de 60% que a petroleira britânica BP tinha no campo de Polvo, na Bacia de Campos, que teve sua viabilidade comercial declarada em 2005 e começou a produzir em 2007. Em 2014, a HRT comprou os 40% restantes, que pertenciam à Maersk, conglomerado industrial dinamarquês.
          Uma relevante redução dos custos desse poço foi liderada por Nelson de Queiroz Sequeiros Tanure, filho de Nelson Tanure, que nunca havia trabalhado nesse setor. Formado em Economia pelo Ibmec, com especialização na Boston College, seu principal emprego até então havia sido como executivo do fundo de participações do pai. Chegou à PetroRio como diretor de projetos em 2014.
          Tanure filho contava com dois executivos de confiança do pai: Blener Mayhew, que era diretor do Fundo Docas e se tornou diretor financeiro da PetroRio, e Roberto Monteiro, que havia trabalhado na Petroleira OGX (atual Dommo) e virou diretor operacional da PetroRio.
          Como a empresa dava prejuízo, chegando a um rombo de 3 bilhões de reais no acumulado do 2010 a 2013, Tanure filho decidiu cortar várias despesas. Os novos funcionários foram admitidos por salários reduzidos, menores que a média do setor.

PetroRio
          A empresa começou a sair do sufoco em 2015, ano em que adotou o nome de PetroRio. Os resultados melhoraram de forma expressiva em 2017/2018, ajudados pela alta do preço do petróleo. As ações valorizaram 260% desde 2013 e o valor de mercado da companhia alcançou 970 milhões de reais no primeiro semestre de 2018.
          Ao contrário do pai, descrito como irritantemente frio por quem já se sentou à mesa de negociações com ele, e que pula de um negócio para outro atrás de melhores retornos, o filho é tido como caloroso e sempre se mostra bastante entusiasmado quando fala do futuro da companhia. Tanure filho assumiu como presidente em maio de 2018, após três anos como diretor, quando participou da ampla reestruturação da empresa. Enquanto o pai parte para novos embates, ele planeja ficar onde está.
          No ano de 2017 a PetroRio inicia uma série de aquisições com o objetivo de obter um crescimento sustentável e expandir sua atuação, assim adquiriu 100% do capital da Brasioil, como consequência assumiu 10% de participação do campo de gás natural do Manati e participação em dois blocos exploratórios na Bacia da Foz do Amazonas.
          Em 2018 adquiriu a empresa Frade Japão Petróleo LTDA que detinha cerca de 18% de participação na concessão do Campo de Frade. Com isso, houve um aumento de cerca de 25% na produção e 150% das reservas de óleo da PetroRio. No mesmo ano perfurou mais três poços no campo do Polvo e em 2019 foram mais quatro perfurações, desse modo prolongou a vida útil do Campo até 2024.
          Considerando dados de meados de 2018, a PetroRio tem produção de 8.100 barris por mês, o que a coloca como a maior petroleira privada do país, segundo o ranking da ANP. Na sua sede, trabalham 115 funcionários. De acanhadas saletas no 1º andar de um edifício comercial no bairro de Botafogo, a sede passa, em setembro de 2018, para a cobertura duplex no mesmo edifício, com direito a uma privilegiada vista do Rio em 360 graus.
          Em 2019 fechou um importante acordo com a gigante Chevron, o qual consistiu na compra de cerca de 51% da participação no Campo de Frade. Com essa aquisição a produção da petroleira dobrou e suas reservas se multiplicaram por quatro.
          Em 5 de novembro de 2020, a PetroRio anunciou a venda, por R$ 144,4 milhões, de sua participação de 10% no consórcio que explora o Campo de Manati, à companhia Gas Bridge. A transação está sujeita a condições precedentes, dentre as quais está o êxito da Gas Bridge na aquisição da operação de Manati da Petrobras.
          A PetroRio estreia no pré-sal após compra de Wahoo, que pertencia a multinacional British Petroleum, e Itaipu, na Bacia de Campos anunciada em 19 de novembro de 2020. A compra da participação da petroleira britânica BP nos blocos BM-C-32 e BM-C-30, onde foram feitas as descobertas no pré-sal. A transação terá uma parcela fixa de US$ 100 milhões, além de um pagamento de US$ 40 milhões contingente ao início da produção ou ao processo de unitização de Itaipu.
          Em abril de 2022, a PetroRio compra da Petrobras a participação da estatal no campo de Albacora Leste, na Bacia de Campos, por até US$ 2,2 bilhões. Em 2021 adquiriu mais 28% de participação só que pertencente a francesa Total Energies.

Prio
          Em meados de 2022, a PetroRio decide mudar seu nome para PRIO. Segundo comunicação oficial da empresa, o redesenho da marca de PetroRio para PRIO partiu da sigla da empresa na B3, a Bolsa de Valores brasileira. Ou seja, PRIO3 já era usada como um apelido para as suas ações tanto internamente quanto por analistas e operadores do mercado financeiro.
          Nelson Queiroz Tanure, presidente do conselho de administração da PRIO, afirmou na época que a nova marca reflete os valores da empresa. “A companhia surgiu por causa de um sonho, ela é feita de sonhos e das pessoas que estão aqui”, disse ele. “A gente sempre superou todos os desafios, esse é o nosso DNA e a nova marca expressa esse nosso jeito de ser”.
          Em 2022, a aquisição mais importante da história da empresa: compra do Campo Albacora Leste que pertencia a Petrobras por cerca de U$ 2,2 bilhões de dólares. Com isso, a PetroRio que atualmente produz 34 mil barris de petróleo/dia terá o potencial de agregar mais 27 mil/dia em sua produção, com uma reserva estimada de 240 milhões de barris.
(Fonte: revista Exame - 12.09.2007 / 09.02.2011 / Exame (Denyse Godoy) - 08.08.2018 / ValorInveste - 05.11.2020 / 19.11.2020 / 28.04.2022 / Dica de Hoje - 12.05.2022 / Inteligência Financeira - 07.11.2022 - partes)

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