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5 de out. de 2011

P&G (Procter & Gamble)

          Não fosse o acaso, a Procter & Gamble nunca existiria. O inglês William Procter e o irlandês James Gamble viajavam pelos Estados Unidos - vindos da Europa -, quando por problemas de saúde, decidiram interromper a expedição e se hospedar na pequena Cincinnati. Mesmo com a morte de sua esposa, Procter resolveu se estabelecer na cidade, assim como havia ocorrido com Gamble. Para se sustentarem, Procter começou a fabricar sabão e Gamble, velas. A escolha dos produtos ocorreu em função de Cincinnati, na época, ter uma grande criação de porcos. E, por isso mesmo, a banha do animal ser um subproduto fácil de encontrar.
          O tempo passou e novamente o acaso entrou em ação. Os dois acabaram se casando com duas irmãs. E um dia, seguindo a orientação de um conhecido, resolveram juntar as duas companhias. Assim, em 1837, foi criada a Procter & Gamble. Anos depois, a multinacional voltou a produzir velas, e nunca deixou de fabricar sabão.
          Em 1931, a Procter & Gamble introduziu seu sistema de gerenciamento de marcas, que trazia as marcas para o centro das atenções e criava um esquema que tem sido seguido desde então.
          Nos anos 1980 quem revolucionou a P&G foi o executivo John Smale, nascido em 1928: ele tirou a empresa da pasmaceira e tornou-a uma das mais espertas e rentáveis empresas de cosméticos e higiene do mundo. Em sua gestão de nove anos, Smale dobrou o lucro para 1,2 bilhão de dólares e alcançou vendas de 21 bilhões de dólares.
          A linha de produtos capilares Pantene foi comprada pela P&G em 1985. O objetivo maior era competir no mercado de "produtos de beleza" e não apenas produtos funcionais. O item mais conhecido da marca tornou-se o xampu condicionador Pantene Pro-V (Pantene Pro-Vitamina). A Pantene foi introduzida pela primeira vez na Europa em 1947 por Hoffman-LaRoche da Suíça, que estigmatizou o nome baseado no pantenol como um ingrediente do xampu. A empresa suíça teria destacado o uso do ingrediente pro-vitamina B5, pantenol, como um diferencial no mercado, e o nome do componente acabou virando marca.
          No Brasil, a Procter & Gamble desembarcou em 1987, com a compra da Perfumaria Phebo, vendida onze anos mais tarde (1998) para a filial americana da Sara Lee e Casa Granado. Nos primeiros anos, o ritmo da filial brasileira foi de uma notória lentidão. Passados cinco anos (início de 1993) as vendas chegavam a pífios (se comparadas às da matriz) 92,3 milhões de dólares e a última linha do balanço apresentava prejuízo. Das centenas de marcas internacionais da companhia americana, apenas duas já haviam sido lançadas no Brasil - o xampu Pert Plus e as fraldas descartáveis Pampers.
          A Linha Max Factor, de produtos de beleza, só estava nas mãos de executivos brasileiros porque a marca, comprada mundialmente da Revlon pela P&G em 1991, já estava no Brasil quando a operação foi fechada. No início de 1992, o executivo mexicano Fernando Aguirre assume a presidência da P&G no Brasil e logo cumpriu sua primeira tarefa. Incorporar de uma vez a Max Factor. A Revlon continuou fazendo os artigos Max Factor em suas fábricas, mas isso iria mudar. Aguirre escolheu o Boticário, do empresário boliviano Miguel Krigsner, para produzi-los. A P&G evita o investimento pesado da construção de uma fábrica, e O Boticário ocupa a capacidade ociosa de suas máquinas.
          A fabricante de lâminas e cremes de barbear Gillette (vide origem da marca Gillette neste blog), foi adquirida em 2005.
          Hoje, a P&G Brasil tem unidades em Louveira (SP), Manaus (AM) e Queimados, Paracambi e Seropédica no Rio de Janeiro. Tem escritório na Avenida Paulista, em São Paulo.
          Quase dois séculos depois da fundação, a empresa Procter & Gamble transformou-se numa potência mundial cujos principais números são transcritos no último parágrafo deste texto.
          A P&G também se desfez de algumas marcas. As pilhas Duracell, que faziam parte do portfólio, foi vendida em novembro de 2014, para a Berkshire Hathaway Inc., empresa de Warren Buffett, por US$ 4,7 bilhões. Depois disso a empresa ainda vende 43 marcas de produtos para cabelos à Coty, incluindo Wella, Koleston e Wellaton. No início de março de 2016 a Procter & Gamble anuncia a venda da marca de pomadas contra assaduras Hipoglós para a Johnson & Johnson no Brasil. Desde 1986, a marca pertencia à P&G. Começou a ser vendida no mercado brasileiro em 1939, inicialmente fabricada pelo laboratório Andromaco. Globalmente, a empresa adotou uma estratégia de redução do portfólio para simplificar a gestão e focar em produtos mais rentáveis.
          A marca australiana Aussie começa a ser trazida ao Brasil em 2016.
          Discreta em seus processos e decisões internas, no início de novembro de 2017 a P&G teve de enfrentar um clima tenso entre os empregados. Um funcionário da operação brasileira enviou um e-mail para David Taylor, presidente global, e Juan Fernando Posada, presidente para a América Latina da empresa, criticando decisões sobre a operação brasileira. De acordo com o e-mail, a empresa teve um estouro de gastos de 100 milhões de dólares no período de julho a setembro, mas, apesar do prejuízo, manteve o comando no Brasil. Ficou um climão, porque o funcionário, além de mandar o e-mail para os chefões internacionais, incluiu em cópia outras dezenas de pessoas da empresa. A P&G já tinha tomado providências sobre o tema: com o estouro no orçamento comercial, que foi menos de um terço do citado no e-mail, e mesmo que não tenha tido impacto significativo nos resultados financeiros da companhia, seis executivos foram demitidos, sendo dois diretores.
          Em 20 de abril de 2018, a Procter & Gamble anunciou a assinatura de um acordo para adquirir o setor de Saúde dos Consumidores da Merck KGaA de Darmstadt, Alemanha, por um preço de compra de cerca de 3,4 bilhões de euros. Essa aquisição permite à P&G ampliar o seu bem-sucedido setor de saúde de consumidores, acrescentando um portfólio de rápido crescimento de marcas diferenciadas com suporte de médicos e uma maior cobertura geográfica. Deste modo, a P&G irá fortalecer suas capacidades comerciais e de prestação de serviços de saúde, seus profundos conhecimentos tecnológicos e a liderança comprovada de cuidados da saúde a consumidores, complementando aa capacidades da P&G, bem como suas marcas de cuidados da saúde de consumidores como Vicks, Metamucil, Pepto-Bismol, Crest e Oral-B. As principais marcas incluem, entre muitas outras, Neurobion, Dolo-Neurobion, Femibion, Nasivin, Bion3, Seven Seas e Kytta. As marcas citadas são vendidas principalmente na Europa, América Latina e Ásia. Essa aquisição substitui a bem-sucedida joint venture PGT Healthcare que a P&G possui com as Indústrias Farmacêuticas Teva com encerramento em 1º de julho de 2018. O setor de Saúde dos Consumidores da Merck KGaA de Darmstadt, Alemanha, atua em 44 países e inclui mais de 900 produtos.
          A P&G possui 65 marcas. Muitas são famosas como as fraldas Pampers, as lâminas Gillette, os produtos de higiene bucal Oral-B (fabricados na unidade de Seropédica-RJ), o sabão Ariel, o amaciante Downy (fabricado em Louveira-SP), o absorvente Always, o xampu Pantene, os artigos para cabelos Head & Shoulders, e outras marcas como Venus, Fairy, Febreze, OldSpice, Braun, Charmin, Tide e Vicks. A Max Factor, fundada por uma maquiadora de Hollywood, foi anexada ao seu portfólio com o desembolso de cerca de 1 bilhão de dólares. O número de itens foi enxugado. Passou de 1200 para 600. Como exemplo, a partir de janeiro de 2017, a companhia não vende mais sabão em pó, só líquido.
          Considerando dados de 2017, a P&G tem um faturamento mundial de 65 bilhões de dólares. Está presente em 180 países e tem aproximadamente 92.000 colaboradores. Três bilhões de pessoas, cerca de metade da população mundial, utilizam algum produto da multinacional.
(Fontes: revista Exame - 29.04.1992 / 03.02.1993 / 01.07.1998 / 15.02.2017 / jornal Brasil Econômico - 26.04.2010 / jornal Valor online - 14.11.2014 / 02.03.2016 e 20.12.2016 / livro: Coletânea HSM Management - PubliFolha - ed. 2001 / LinkedIn / site www.megacurioso / Wikipédia / Exame.com - 30.11.2017 / Terra - 20.04.2018 - partes).

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