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6 de out. de 2011

Le Postiche

          Fundada em 1967 por Álvaro Restaino, como uma fábrica de perucas, a Le Postiche entrou para o mercado de bolsas de couro mais tarde, em meados dos anos 1970.
          Em 1991, então com 20 anos, entra na empresa, como estagiária, a filha Alessandra. A marca já era consolidada no mercado de moda varejista em São Paulo. Até então ela não achava que iria trabalhar com o pai. Fazia faculdade de administração e já havia feito alguns “bicos” na empresa, inclusive trabalhando como caixa de loja. Em seu último ano do curso, ela e a irmã, Fabiana, ficaram encarregadas de suas lojas próprias.
          Jovem, recém-formada e atualizada sobre o mercado, Alessandra ia a todas as lojas diariamente e começou a trazer novas métricas para entender o padrão de consumo e a performance de cada local, uma mensuração de vendas que nunca havia sido feita.
          Quando entrou, segundo ela, muitos dos que já trabalhavam há anos no negócio a viam como uma pirralha de 20 anos, querendo inventar moda. Não foi fácil no início, teve que conquistar a própria confiança e fazer jus àquela oportunidade. Foi estudar mais e se especializar em varejo. E então assumiu a área de marketing e produto.
          Em sua carreira como executiva, ela passou pelas áreas de vendas, compras, marketing, logística.
          O convite para ser CEO veio em 2010. Ao ser chamada para a sala do pai, Alessandra se surpreendeu. Ela não imaginava que ele, tão ativo e empreendedor, deixaria o cargo tão cedo. Sentiu, segundo ela, uma responsabilidade enorme de respeitar seu legado e garantir a longevidade da companhia.
          Embora tenha sido uma surpresa, a executiva conta que se sentia preparada para o novo desafio. No passado, segundo Alessandra, acreditavam que a empresa familiar precisava de um filho homem. Quando ficou mais velha, casou e teve filhos, questionavam se seu marido assumiria o negócio. Já vinha se preparando e formando sua autoconfiança ao longo dos anos. Teve que estudar mais, se preparar muito mais e sempre sob o olhar de todos. Não foi fácil, mas foi conquistando seu espaço, conforme ela conta. Alessandra dirigiu a empresa como presidente por 7 anos.
          “Meu pai foi minha escola inicial. Eu tinha apenas 20 anos quando comecei, então foi com ele que aprendi tudo. Eu olhava como ele conduzia a gestão desde o relacionamento com fornecedores até a ousadia com a qual ele agia nos detalhes. Tudo me inspirou”
          “É difícil dar uma receita. Pela minha história, vivi o trabalho nas principais áreas da empresa e tive contato com o mercado, o consumidor, os lojistas. São áreas cruciais para a empresa de varejo: produtos, mercado, marketing e operações. Você assim entende de toda a extensão da marca. Hoje, também acredito que a experiência na área financeira seja importante. Não podemos mais tomar decisões pelo ‘feeling’, com a economia mais difícil, precisamos de suporte na tomada de decisões”.
          Em 2017, então com 80 lojas próprias e 147 lojas franqueadas, as irmãs contrataram o executivo Carlos Eduardo Padula para CEO da empresa. Alessandra Restaino atua como diretora de marketing e compras e sua irmã Fabiana Restaino como diretora da área financeira e administrativa. As duas permanecem no conselho da empresa.
          A decisão faz parte do movimento de profissionalização e modernização da Le Postiche, que agora passa a investir mais no e-commerce. “Para o bem ou para o mal, sendo uma empresa de família, temos muitos vínculos emocionais. Ainda fazemos parte das decisões, mas o novo presidente traz visões isentas e estratégicas para o negócio”, explica Alessandra.
          Sobre a igualdade de gênero, Alessandra afirma: “Onde posso tenho levado a bandeira da igualdade no mercado de trabalho, participo de fóruns e palestras sobre o papel da mulher como líder. Quero dar voz aos números que mostram as poucas mulheres em cargos de liderança. Chamar atenção para o problema é papel do líder hoje. Na Le Postiche, temos um quadro forte de mulheres, mais de 90% dos colaboradores. Na diretoria, temos metade das cadeiras ocupadas por elas. Procuramos empoderar as funcionárias, para que tomem suas decisões na carreira e assumam posições superiores”.
(Fonte: msn - dinheiro - Exame.com - Luísa Granato - 29.07.2018 / Exame - 31.10.2018 - partes).

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