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6 de out. de 2011

Cosan

          A Cosan, do empresário Rubens Ometto Silveira Mello, nascido em 1950, é a maior companhia de processamento de álcool e açúcar do mundo. Atua nas áreas de energia, logística, infraestrutura e gestão de propriedades agrícolas.
          Em 1996, Rubens, formado em engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, da quarta geração dos Ometto, italianos que vieram par o Brasil em 1887, assumiu o comando das empresas da mãe, Isaltina Ometto Silveira Mello, com quem travara uma longa disputa judicial.
          Desde 2000, Ometto conduziu um processo agressivo de consolidação de usinas de açúcar no interior paulista.
          Além de envolver-se em três guerras societárias familiares, Rubens renegociou dívidas, fechou empresas, comprou usinas, bateu recordes de produtividade e conquistou sócios estrangeiros para os negócios. A Cosan devia 300 milhões de reais e faturava 200 milhões. Rubens arrumou a casa e multiplicou o patrimônio por 10, observando-se um panorama em meados de 2002
          A empresa abriu seu capital na Bolsa de Valores de São Paulo em novembro de 2005 e logo despontou como a grande estrela do mercado de ações brasileiro, vendo seus papeis se valorizarem na mesma proporção em que os preços internacionais de seus produtos subiam e que o etanol ganhava fama mundial como a melhor opção para substituir o petróleo. O valor das ações quase triplicou em apenas um ano e Ometto viu seu nome incluído na lista dos 500 maiores bilionários do mundo da revista americana Forbes, com base nos valores de dezembro de 2006. Mas de janeiro a outubro de 2007 o desempenho de seus papeis na bolsa caiu abruptamente. Perderam 38% de seu valor, comparado com uma média de valorização da bolsa de 47%.
          A queda vertiginosa se deve a dois fatores, um externo e outro interno. O externo é a mudança por que seu setor passou em 2007. Os preços do açúcar saírem de um patamar considerado "exuberantemente irracional" pelo mercado, de 19 centavos de dólar por libra de açúcar no começo de 2006, para se fixar próximo da média histórica, de 9 centavos de dólar em novembro de 2007. O fator interno foi uma reorganização na estrutura societária da Cosan, em junho de 2007. No novo modelo proposto, Ometto abriria uma empresa nas Bermudas, a Cosan Limited, e teria direito a ações especiais de controle. Na prática, a medida daria ao empresário o comando da companhia mesmo que seu número de ações fosse menor que 50%. Como estava em seus planos crescer por meio de aumentos de capital e manter o controle absoluto da companhia, isso seria impossível no Novo Mercado da Bovespa, onde todas as ações dão direito a um voto. Caso sua participação chegasse a menos de 50%, a Cosan poderia ser alvo de uma oferta hostil. Ometto, então, criou a nova empresa e listou suas ações na bolsa de Nova York.
          A proposta teve uma reação feroz dos acionistas minoritários (aqueles que haviam confiado a Ometto seu dinheiro, na esperança de que teriam direito a voz e voto). O empresário ofereceu aos investidores uma condição desigual para a troca de ações da Cosan S.A. para a Cosan Ltd. Cada ação do controlador teria direito a dez votos, enquanto o papel dos minoritários manteria o direito a um único voto. "Foi uma quebra de confiança lamentável", afirmou Edson Garcia, superintendente da Amec, associação que reúne acionistas minoritários de companhias abertas. Para tentar acalmar um pouco os ânimos do mercado, a Cosan acabou criando um outro tipo de ação, garantindo o mesmo direito a voto aos acionistas que desejassem migrar para a nova empresa, mas passou a exigir que as ações não fossem negociadas por três anos. Os investidores também não gostaram e as ações caíram outros 30% nos quatro meses seguintes.
          Os números apresentados em outubro de 2007 já somavam 17 usinas e um processamento de 40 milhões de toneladas de cana por safra.
          Em abril de 2007 a Cosan adquiriu a rede Esso no Brasil por US$ 826 milhões, avançando sobre a distribuição de combustíveis. Na sequência, criou uma joint venture com a Shell.
          Em março de 2009 Grupo Cosan confirmou a incorporação da NovAmérica Agroenergia através de uma operação de troca de ações entre a Cosan e a holding Rezende Barbosa, controladora da NovAmérica.
          Com a aquisição, o grupo Cosan reforça sua posição de maior produtor de açúcar e álcool do mundo e passa a ter uma capacidade de processamento anual de cerca de 56 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 10% do mercado brasileiro, administrando 23 usinas. Deste total, 19 usinas são do Grupo Cosan com capacidade de moagem de 44 milhões de toneladas de cana.
          Através de um processo de reorganização societária dos dois grupos, sem a ocorrência de desembolso financeiro, a Rezende Barbosa - que possui 100% do capital da NovAmérica - passa a deter 11% do capital social da Cosan, tornando-se um de seus principais acionistas com direito a um representante em seu Conselho de Administração.
          Além de incorporar as quatro usinas hoje controladas pela NovAmérica, que juntas têm capacidade de moagem de cerca de 10,6 milhões de toneladas, o Grupo Cosan também passará a deter a marca "União", líder em vendas de açúcar refinado no varejo brasileiro, além de duas refinarias e quatro empacotadoras de açúcar.
          Faz também parte dos ativos que serão incorporados pelo Grupo Cosan a participação de 51% da Nova América na Teaçu Armazéns Gerais. Com isso, a Cosan passa a deter 100% deste terminal que, junto com os terminais da Cosan Portuária, tem capacidade anual de embarque de 8,5 milhões de toneladas de açúcar. A NovAmérica venderá ainda para a Cosan sua participação de 8% no Teas (Terminal Exportador de Álcool de Santos) por R$ 4 milhões. Com esta aquisição, a Cosan passa a deter 40% do Teas, terminal com capacidade de embarque anual de 650 milhões de litros de etanol.
          Em 2010, a Cosan e a gigante transnacional Shell reuniram ativos e formaram a joint venture denominada Raízen, empresa de energia, com foco em inovação e soluções sustentáveis. A Raízen tornou-se na maior produtora de açúcar e etanol do Brasil. À época, o mercado apostava que Ometto seria engolido pela gigante global de petróleo e gás. Deu-se o contrário: o rabo balançou o cachorro. “E ninguém nunca ouviu um ruído em torno dessas aquisições e parcerias”, diz Herbert Steinberg, especialista em governança da consultoria Mesa Corporate.    
          Em 2012, a Cosan deu um novo – e surpreendente – passo. Adquiriu a Comgás da britânica BG. Pagou R$ 3,4 bilhões por 60,1% da distribuidora baseada em São Paulo. Com a nova empreitada, além de entrar na operação de uma empresa enxuta, o grupo se prepara para um eventual aumento de oferta de gás, com a exploração do pré-sal. Está de olho também no uso renovado do gás (em carros, por exemplo), decorrente da revolução energética, provocada pelo shale gas nos Estados Unidos.
          A Cosan, sob muitos parâmetros, também acumula resultados excepcionais. E isso anima os analistas. Cresceu, entre 2009 e 2013, a uma taxa anual de 80%. Em 2009, conseguiu R$ 300 milhões em lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês). Em 2013, esse valor bateu em R$ 4 bilhões. A alavancagem, medida pela relação dívida líquida-Ebitda, caiu no mesmo período de 5 para 2,3 vezes.
          Em 2015,  a Rumo Logística do Grupo Cosan, se fundiu com a ALL, o que resultou na absorção da ALL por meio do processo de troca de ações entre seus controladores.
          Em 22 de novembro de 2016 foi assinada a união definitiva entre Cosan e a Shell. A partir de então, a sociedade entre elas para distribuição de combustíveis no Brasil e produção de açúcar e álcool criada cinco anos antes - e que poderia acabar em 2021 - não tem mais prazo para terminar. Ficou decidido ainda que, enquanto tiver saúde, Ometto é quem vai reger os negócios, como presidente vitalício do conselho de administração de Raízen.
          Em agosto de 2021, a Cosan, estreou na mineração ao comprar o porto de São Luís, no Maranhão, com planos de trazer minério do Pará.
          Em 21 de setembro de 2021, a Cosan informou que adquiriu 47% de participação no Grupo Radar, por R$ 1,5 bilhão. A Radar detém e administra cerca de 390 propriedade rurais somando 96 mil hectares dedicados ao cultivo de cana-de-açúcar, soja, milho, algodão e outras culturas em São Paulo, Mato Grosso e no Maranhão
          Fazem parte do portfólio da Cosan:

Raízen - Criada a partir de uma joint venture entre a Cosan e a Shell, a Raízen é uma das quatro maiores companhias em faturamento, a segunda maior distribuidora de combustíveis do País, a principal fabricante de etanol de cana-de-açúcar do Brasil e a maior exportadora individual de açúcar de cana no mercado internacional. Em 2021, o grupo fechou um dos maiores negócios de M&A com a compra das usinas da Biosev (antiga Louis Dreyfus).
Compass - A Compass Gás e Energia foi criada para oferecer soluções de gás e energia para o Brasil. Tem atuação em quatro pilares: Infraestrutura que traz gás natural do pré-sal e do mercado internacional, distribuição que já conta com a maior companhia de gás natural encanado do país, a Comgás; geração que transforma gás em eletricidade de forma eficiente e comercialização do gás e da energia elétrica que impulsionam a indústria e os negócios. Em acordo aprovado pouco depois de meados de junho de 2022 pelo regulador antitruste CADE, a Compass, terá que abrir mão de algumas distribuidoras de gás natural nas regiões Norte e Nordeste do Brasil depois de adquirir a participação de 51% da Petrobras na Gaspetro – que tem participações em 18 empresas de gás administradas por governos estaduais.  Suas redes de distribuição somam aproximadamente 10 mil quilômetros, atendendo a mais de 500 mil clientes, com volume distribuído de cerca de 29 milhões m3/dia. A Compass, que se torna sócia da Mitsui Óleo e Gás na Gaspetro, se comprometeu a vender até 12 das 18 distribuidoras estaduais nas quais terá participação indireta – sete para um grupo, cinco para outro – para receber o OK do CADE. Onze empresas de gás estão nas regiões Norte e Nordeste: Algás (Alagoas), Bahiagás (Bahia), Cegás (Ceará), Copergás (Pernambuco), Gasmar (Maranhão), Gasap (Amapá), Gaspisa (Piauí), Pbgás (Paraíba) , Potigás (Rio Grande do Norte), Rongás (Rondônia) e Sergas (Sergipe). Em 11 de julho de 2022, a Compass finalizou a compra de 51% da Gaspetro da Petrobras. Os R$ 2,097 bilhões pagos pela transação foram integralmente quitados nessa data. O quadro societário então formado pela Petrobras, com 51% das ações, e a Mitsui Gás e Energia do Brasil, com 49% restantes das ações, passa a ser 51% das ações da Compass e 49% das ações da Mitsui Gás e Energia do Brasil Ltda.
Moove - Uma das maiores empresas de lubrificantes do País, a Moove atua globalmente na produção e distribuição das marcas Mobil, Comma e marcas profissionais. No Brasil, a empresa tem como foco a produção e distribuição de lubrificantes da marca Mobil, a distribuição de óleos básicos, além da rede de franquias especializadas em serviços automotivos Zip lube.

          No dia 22 de outubro de 2021, a Cosan informou que a subsidiária Compass Um Participações adquiriu, em leilão na B3, 51% do capital da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul, por R$ 928 milhões. A Sulgás é a distribuidora de gás natural canalizado do estado do Rio Grande do Sul e opera com exclusividade esse serviço por meio do modelo de concessão com vigência até agosto de 2044. Sua rede de distribuição totaliza aproximadamente 1,4 mil km, atendendo a mais de 68 mil clientes em 42 municípios, com volume distribuído de 2 milhões m3/dia.
          A Cosan anunciou em 23 de maio de 2022, por meio de sua subsidiária Moove, a compra da PetroChoice, controlada pela Stryker Topco, em um acordo com valor total de US$ 479 milhões. A PetroChoice é uma distribuidora e comercializadora de lubrificantes da marca Mobil nos Estados Unidos. O negócio vende anualmente cerca de 240 milhões de litros de lubrificantes e possui ativos em 25 Estados americanos, sendo duas plantas de mistura de lubrificantes e mais de 50 centros de distribuição. A Moove, além de atuar no Brasil, é responsável pela distribuição de óleos lubrificantes em países da América do Sul, Europa e Estados Unidos. Possui também uma unidade produtiva na Inglaterra, onde produz e comercializa lubrificantes e especialidades para diversos países da Europa e da Ásia.
          Em 24 de dezembro de 2022, a Cosan informou que o Bradesco investiu R$ 4 bilhões em ações preferenciais da Cosan Dez, o que representa cerca de 23,2% do capital social total da empresa. A Cosan detém os outros 76,8%. Além disso, a Cosan Dez passou a deter todas as ações da Compass, antes detidas pela Cosan, correspondentes a 88% do capital social da companhia, assumindo o controle acionário.
          Maior empresa sucroalcooleira do Brasil, a joint venture entre Cosan e Shell (Raízen) tem capacidade de moagem de mais de 100 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e 35 unidades de produção.
(Fonte: revista Exame - 15.01.1997 / 12.06.2002 / revista Forbes Brasil - 24.10.2007 / revista Exame - 21.11.2007 / revista IstoÉDinheiro - 21.01.2008 / Época Negócios - 13.03.2009 / Época Negócios - 24.08.2014 / jornal Valor - 23.11.2016 / / 21.09.2021 / Eduardo Voglino Dica de Hoje Research - 07.10.2021 / Valor 25.10.2021 / Abrasca - 01.11.2021 / Valor - 25.04.2022 / Estadão - 23.05.2022 / Valor 30.06.2022 / msn start - 12.07.2022 / Valor - 26.12.2022 - partes)

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