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30 de out. de 2011

Banco Boavista Inter Atlântico

Banco Boavista 
          Por volta de 1992, o Banco Boavista passou por uma reestruturação, fundindo departamentos e enxugando setores administrativos. Naquele ano foi criado o private bank. "Percebemos que não podíamos crescer em cima do aumento de empréstimos, mas pela captação", disse Marcelo de Campos Pinto, diretor executivo do Boavista.        
          Em meados de 1994, o Banco Boavista tenta retomar seus antigos ideais. Saudoso dos tempos em que era conhecido como um banco comercial ativo, com mais agências no Rio de Janeiro do que qualquer outro concorrente, o banco passou a querer crescer, comprar agências e marcar sua presença em vários estados do país. Essa nova etapa deixa para trás o perfil de banco de negócios que o Boavista assumiu de meados da década de 1980 em diante, principalmente durante a gestão de Antônio Carlos Lemgruber, ex-presidente do Banco Central, nos anos 1980.
          O banco quis então partir par o varejo. Trata-se de uma virada estratégica rara de ver no mercado já em meados da década de 1990, e que vinha sendo conduzida pelo novo presidente, empossado em fevereiro de 1994, Lineu de Paula Machado. Lineuzinho, como se tornou conhecido, é o filho mais velho de Lineo, presidente do banco por quase vinte anos e um dos principais acionistas do Boavista, ao lado de dois irmãos.
          O primeiro passo do Boavista nessa sua volta ao passado foi contratar o principal executivo do Bradesco no Rio de Janeiro, Elias do Nascimento, par cuidar da área comercial. Nascimento chegou ao Boavista no início de 1994 com uma equipe de trinta pessoas, cheio de novas ideias. Apoiado numa agressiva campanha de marketing junto a potenciais clientes, em seis meses ele conseguiu 30.000 novas contas, sem ter aberto uma única agência no período.
          A ideia, de todo modo, não é abandonar as antigas atividades do Boavista. "Sempre teremos uma tesouraria ativa, assumindo posições de risco no Brasil e no exterior e atuando como se fosse um banco de investimento", diz Lineo. O Boavista, tomando a direção do varejo, aparentemente, sabe o que faz. Com apenas 31 agências, não está presente na maior parte dos estados brasileiros, o que significa espaço para crescer.
          No final de 1996, o Boavista divulgou uma propaganda, no mínimo, curiosa, para quem tinha o Cartão Boavista Visa Internacional. "Pagando as 3 últimas faturas em dia você poderá ganhar Crédito Pontualidade". Mas, não se tratava de estar com as faturas em dia. Quem estivesse nessas condições, concorreria a R$ 40.000,00 mensais de prêmio em dinheiro. Tratava-se de pagar em dia o financiamento do crédito rotativo. Tudo bem. Como o prêmio era pago via diminuição de juros e o crédito era creditado em conta, há de se supor que ninguém iria querer forçar a entrada no crédito rotativo para ganhar esse prêmio.
          
Banco Boavista Inter Atlântico
          O banco carioca Boavista Inter Atlântico, em 1999, era uma sociedade entre os bancos Espírito Santo, de Portugal, Crédit Agricole, da França, Interatlântico, do Brasil, e o grupo carioca Monteiro Aranha. Esses sócios aplicaram 850 milhões de dólares no banco.
          Durante a crise cambial de janeiro daquele ano (1999), o Boavista passou por uma situação no mínimo delicada. A tesouraria, que gerenciava o próprio caixa, ganhou dinheiro com a desvalorização do real. Mas sua área de administração de recursos, que gerenciava a poupança dos clientes, perdeu. O impacto diferenciado da queda do real nas duas áreas chegou a provocar suspeita sobre a lisura das operações. Muita gente questionou se, na verdade, não tinha acontecido o contrário, se o lucro não teria sido da clientela e o prejuízo, do banco.
          Para evitar diz-que-diz, a cúpula do Boavista decidiu garantir o patrimônio dos cotistas, por meio de um aumento da capital de 70 milhões de reais.
          Depois de muito sofrer em terras brasileiras, os portugueses do Grupo Espírito Santo conseguiram passar adiante seus problemáticos investimentos no país.
          Na segunda-feira, 3 de julho de 2000, foi formalizada a compra do  Boavista Inter Atlântico  pelo Bradesco. Os sócios compraram o banco em dinheiro vivo, mas no momento da revenda, seus controladores receberam ações do Bradesco em troca do que sobrou, algo como 500 milhões de reais.
(Fonte: revista Exame - 28.10.1992 / 14.09.1994 / 18.12.1996 / Exame - Guia dos melhores fundos de investimento 1999 / revista Exame - 12.07.2000 - partes)

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