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6 de out. de 2011

Casa da Bóia

     A Casa da Bóia foi fundada em 1898 pelo imigrante sírio Rizkallah Jorge Tahan. Desde 2007 a empresa está sob controle da terceira geração. O comando da Casa da Bóia está concentrado nas mãos de Mário Roberto Rizkallah, neto do fundador.
     A empresa nasceu como a primeira fabricante de artigos de cobre do Brasil, mas atualmente se limita a uma loja que vende mais de 5 mil itens, entre conexões hidráulicas, fios de cobre, vergalhões e até peças de decoração feitas de cobre. Apesar da fama, a boia (usada em sistemas hidráulicos, como caixas d'água) não é mais o principal produto vendido na loja. Desde 1950, a empresa deixou de ser indústria. Daquela época, o empresário preserva as vendas feitas no antigo balcão, mas o coração do negócio está numa central de telemarketing que responde por 90% das comercializações para todo o país. Ir até a loja pode ser um passeio no tempo. Na parte superior, um pequeno museu conta um pouco da história daquela que foi a primeira fundição de cobre do Brasil. Ali produziam-se arandelas, gradis e candelabros.
     A solidão de Mário, o caçula de um dos filhos do fundador,  no comando e na concentração dos negócios começou por vontade própria, em 1993, quando ele, aos 42 anos, achou que era hora de dar uma virada na empresa, pois julgava-a um negócio pequeno e que não dava para sustentar o crescimento da família. A empresa chegou a passar por dificuldades. Com o consentimento da família, solicitou à consultoria PricewaterhouseCoopers uma avaliação detalhada dos ativos, para ter um respaldo técnico.
     O patriarca e mentor da Casa da Bóia, Rizkallah Jorge Tahan (em famílias árabes é comum o primeiro nome virar, depois, sobrenome) teve três filhos: Jorge, Nagib e Salim. O tronco constituído por Jorge nunca participou ativamente da Casa da Bóia - de seus cinco filhos, um deles, Alfredo, foi presidente da Bovespa duas vezes (de 1973 a 1976 e de 1996 a 2001). A filha dele, Renata Rizkallah, participou do conselho da BM&FBovespa. Os negócios ficaram então nas mãos de Nagib e Salim.
     Tudo correu bem enquanto o comando estava polarizado entre os dois. Os problemas começaram depois. A diferença de idade de Mario (filho de Nagib) para o primo Antonio é de 21 anos. Isso foi parte do motivo para os antagonismos na metodologia de gestão entre os primos que assumiram a Casa da Bóia. Foi assim que Mario fez um acerto de contas com o primo e as irmãs e ficou com a empresa.
     Os negócios da Casa da Bóia seguem um ritmo tranquilo. A loja continua no mesmo endereço - um casarão estilo "art noveau", na rua Florêncio de Abreu, centro velho de São Paulo. Uma casa que, até 1920, tinha a parte superior reservada à residência da família. É a mais antiga loja comercial da cidade, e sua fachada foi tombada pelo patrimônio.
     A grande oportunidade da Casa da Bóia surgiu em 1903, quando o governo de Rodrigues Alves, presidente do Estado de São Paulo, decidiu melhorar as condições de limpeza da cidade e erradicar a febre amarela, abrindo espaço para que a empresa começasse a produzir material sanitário. Hoje, embora o principal negócio seja a distribuição de metais não ferrosos vendidos por telemarketing, o consumidor final pode adquirir na loja, produtos como torneiras, boias, ferramentas e artefatos elétricos.
(Fonte: revista Capital Aberto - Maio 2010)
     

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